É como estar por muito tempo numa cela, numa agonia úmida e ser bafejado pelo frescor de um vento outonal. É assim que me sinto quando de algum jeito, algo me relembra os movimentos e as palavras de kleine frau. tenho essas incertezas quanto a seu perfume, quanto ao som da voz, quanto a maciez dos toques... mas certezas inquebráveis eu tenho de sua existência.
isso habita na dimensão do indecifrável. nada careço das certezas, não as procuro como alimento essencial ao que sinto. sempre eu disse que neste universo subjuntivo, nada há de impossível. e sua melhor vida é aquela que o solitário cultiva, pequena flor delicada ao vento e amada pelo vento. É por amor à essa flor que tal brisa nunca morfa a uma tempestade. é por amor a essa flor que a tempestade abranda e se transforma em vento lento.
Mas nem tudo é eterno o que no bem se descansa. nos meus dias de lembrança a menina é o porto no qual me tranquilizo. e a saudade que sinto é a saudade mesma que nela transcorre, é o que me sussurra ao longe. no nunca, vai chegar o tempo em que direi a história do dia em que a encontrei de frente. diante de seus olhos eu nasci e denasci, morri e desmorri.
hoje é o dia do avesso.
dia em que a água cristalina encontra a sede.
é um dia que dedico à pequena eternidade, que mesmo sendo tão pequena, ainda assim é para todo sempre, e durará até o instante último do meu último sopro.
ainda está aqui dentro.
ainda está aqui.
falo assim porque estou ao seu lado.
estou ao seu lado.
porto que navega.
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