terça-feira, 30 de novembro de 2010

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tédio
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quarta-feira, 24 de novembro de 2010

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EXNORT


1


Coragem é palavra que soa estranha, como se não tivesse uma outra que lhe impusesse uma oposição de significado e por isso quando dita vibra sozinha como uma existência compacta. Não consigo imaginar aquele que tem medo, como a ser o mesmo que não possui coragem. Muito menos a palavra covarde poderia se aproximar sendo de um significado inverso à coragem.

Nos últimos tempos algo me mostrou o que seria sentir medo. Mostrou-me o que seria tornar-me covarde e, o que porventura por outro lado poderia ser visto como coragem.

Imagino, para contar esta estória um braço estendido como de quem pede ajuda para levantar algo ou simplesmente o distende para dar socorro a quem está ou finge estar caído. vejo-me também a estar num lugar seguro, protegido da chuva e envolvido com planosvazios ... Mas ... devo tirar a narrativa na primeira pessoa e dar um nome ao meu eu personagem. Vou chamá-lo por agora apenas de O HOMEM.

o homem passava pela estrada em caminhada lenta quando viu deitada ao largo a criatura ferida, envolvida de panos, que parecia estar morrendo. Seria essa a visão cinematográfica da cena? Na verdade era apenas um par de olhos negros que cruzou o caminho e atravessou a estrada movimentada sem olhar para os lados. No quase suicídio eram os olhos mais tristes que o homem já havia visto. Ele de seu lugar seguro, sobre suas pernas, não conseguia tirar aqueles olhos de si mesmo.

Certo do dia depois do resgate, com a ponta dos dedos, tocou a pele daquele corpo onde aqueles olhos eram parte. A mão trêmula do homem se estendeu ao encontro da pele fria e quase totalmente fria. Eis a imagem deste pedaço de narrativa: a mão estendida e trêmula do homem. E, na imaginação de uma criança de cinco anos que assistia escondida ao filme, outras mãos se agarraram às mãos dele. Uma estranha felicidade tomou seu dia... e isso é como um segundo capitulo. a criança sentia um nervosismo, como se mesmo a ver coisas bobas, entendesse aquelas imagens como tudo o que no mundo era proibido.

Nessa movimentação de imagens em parafuso enxergo um pote de água do rio por onde se mete a mão do sedento para se servir da água com gosto de barro. Sinto o gosto daquele líquido e é como se a vida lentamente escorresse por esta garganta que me trouxe. Com as mãos na cintura o homem se estanca na frente de um rio e escolhe um lugar para adotar como sendo o lugar de sua história. Ele decidiu dar a quem lhe estendeu o braço outrora na estrada, um espaço muito grande dentro de sua alma...

Ele nem sabia quem era aquela criatura que nem em forma se acomodava.

Ele apenas a acolheu como criança que acolhe um pássaro encontrado no quintal.

É assim que começa esse terceiro capitulo.

O dia era um dia de outubro. Não se sabe se de tarde ou de manhã...

Elejamos para a narrativa alguns animais

Elejamos algumas músicas...

A moldura agora de cada si mesmo formaria a fisionomia maior da multidão? se é que cabe nessa estória algo além de apenas dois seres humanos... que caiba também tudo o que é canino, domesticado e mortífero.

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EXNORT

2


o homem, apesar de todo o cuidado que tomou, teve que se deparar com a triste constatação da quase morte daquela criatura. era tão pequena, impalpável e tão indefesa. os olhos permaneciam abertos e a posição de seu corpo se projetava para a saída da casa, como se a única idéia que lhe formava fosse a de simplesmente ganhar o mundo mesmo já sem quase movimento.

entristecido, guardou os olhos nas sombras das pálpebras de uma mulher que encontrara pela estrada, assim não morreriam de fome. o corpo todo dessa mulher era um corpo em demasia para a sutileza daqueles olhos. ali, depositado no corpo o olhar não criou vida. a criatura a qual o homem salvou realmente estava em estado profundo de morte e espera.

por sete dias ele tentou lhe encher de oxigênio, mas nada vivenciava o olhar. carregava consigo essa criatura inerte para todos os lugares por onde andava, na esperança infantil de que novamente a vida ali, em estdao de retina ressurgisse para o pó e as mil estradas.

foi então que soube da existência de um mágico extrangeiro que tinha o poder de devolver vida aos que já mortos viviam. o homem bateu à porta do mágico e implorou por sua ajuda. o mágico, educado e cheio de cortesia com um um toque de suas mãos fez com que a criatura se recriasse em vida dentro do corpo de uma outra mulher. o mágico disse que boa parte da pureza daquele olhar cairia no sorriso da jovem, como uvas negras que brotam no tronco de um cajueiro. fez também com que a inocência das retinas tristes banhassem o colo e os seios da mulher, como um sol matinal que ilumina o giral bem cedinho. e assim, parte a parte, a criatura que era somente um olhar passou a habitar um corpo inteiro de uma mulher.


o mágico batizou aquela criatura de Delatoria. e ao homem que até então era somente homem, o mágico deu o nome de Exnort.


EXNORT

3

A construção destes personagens tão fora do ordinário poderia levar um leitor a crer que estivesse sobre o texto de um lunático. Acreditar na independência das particulas que formam o que é maior é uma saída possível pro descontente com as pequenas respostas da conformidade do olhar no todo. Por desconfiar agora, depois de velho, que o todo é um acordo simples e imposto por alguns sobre outros...

Como ruminar, resmungar somente?

Olhar livre no espaço do vazio.

Os olhos livres do vácuo na face, foras de órbita em 360 graus.

O abraço sem os braços, por isso de corpo inteiro.

O desejo físico sem um corpo, por isso apenas desejo.

Existências dependentes de outras existências agora liberadas pela construção imaginária de um ser quase lunático... que liberado das limitações do físico mergulha num coma sem volta.


4

O quebra cabeça espalhado foi acomodado numa caixa de sapatos e deixado no sótão. O cara com um tapa-olho e um matamoscas era o vigia da caixa. Por cinquenta anos ele não tinha a motivação para reconstruir o corpo fragmentado...

Só o olhar escapou e achou num quarto de hora o motivo para erguer uma grande paixão.

Exnort fez um acordo consigo mesmo. Ele viveria aquilo.

Exnort fez um apelo a si mesmo: ele viveria aquilo.




sábado, 20 de novembro de 2010

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não totalmente descansado e não totalmente com vontade de descansar. por conta dessas duas coisas, não totalmente consciente.
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sexta-feira, 19 de novembro de 2010

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depois que um humano nasce ele não permanece em corpo, jamais, o mesmo. mudança e humanidade são palavras quase mesmas.

quem pode confiar na moral de quem não cumpre seus horários?

(a frase não era indagativa e não era bem assim, mas não é minha, mas me serve como luva de esbofetear)

devo a mim mesmo uma autocrítica. e devo escrever o que penso, como sempre fiz. que fiquem registradas minhas falas. mas ando cansado um pouco. vou deixar isso se acalmar e vou dizer coisas a respeito destes últimos dias. não posso poupar o orgulho de ninguém...


não sou arrogante. sou consciente, de fato, das minhas inúmeras capacidades. a humildade em mim seria uma farsa. e farsa só é boa no palco, entre o levantar e cair do pano.
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domingo, 14 de novembro de 2010

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agora o que foi criado já se constrói no palco...

em breve tudo já não será parte de mim.

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sexta-feira, 12 de novembro de 2010

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a visualização do mundo imaginário e cenográfico o qual construímos até agora está por quase tudo completa. por enquanto cena e corpos estão trafegando sem locus. esquisito isso, é como o deus dos judeus deve ter visto sua obra no final do quinto dia.

perdi-me um pouco nos cromatismos e, sinceramente, ainda estou longe de estar agradado com o acabamento que espero de mim mesmo. está obra não caminha sozinha depois de concluída. entre as artes, o teatro nunca se vê concluído. miscelania em movimento, ciranda interminável de mudanças.

devo dizer aqui que me encontro apaziguado e até um pouco pacífico. não por querer, mas por cansaço e foco definido demais. as eleições passaram e nenhum vitupério de minha boca. o que acontece comigo?

ainda bem que passou, aquilo que reinará até final de dezembro...

o que virá será melhor só no começo, eu sei. mas que seja de causar distração e até um pouco de esperança.

a moça que anda ao meu lado é oficialmente a minha assistente em tres universos. se algo me acometer por estes dias, ela assumirá meu lugar nos cenários. sei que ela conhece o que faço quase melhor que eu mesmo. um belo encontro esse...

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domingo, 7 de novembro de 2010

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ela não desenhou motivo algum antes que começasse a bordar no tecido branco. talvez tivesse desistido por se achar enfraquecida com o passar desses mil anos.

viu a última vez que ela gargalhou?

não. em todos esses anos nunca assisti uma cena como essa. diga-me, o que eu poderia fazer para mantê-la aqui?

entendo que é com sua materia prima que construí todas as outras que surgiram em minha vida, surgiram depois dela.

não há nada que você possa fazer, meu caro. milhões de vezes respiramos nesta vida. milhões de vezes esquecemos que respiramos. poucas vezes lembramos que um dia deixaremos de respirar.

encosto a boca nos seus olhos de sono. beijo suas pálpebras como se beijasse a porta de entrada de uma cidade imensa. toco toda a extensão de sua pele. e mesmo assim não a possuo. e mesmo assim não domino seu trânsito.

quando seu sono já não resiste ao ruído do invasor, ela abre os olhos e mostra os dentes. surge do seu mundo dos sonhos a sorrir quando me enxerga. seus braços me trancafiam e assim me vejo quase obrigado a adormecer com ela, ou a fingir que a manhã não veio e a noite persiste.

acordada, ela me observa a criar mundos. fantástica, me empresta suas mãos para escolher as tintas...

milhões de cores vindo destas que são tudo...

milhões de mundos vindo deste no qual respiramos juntos.

respiramos juntos.
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"voar é cair...



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sábado, 6 de novembro de 2010

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SÁBADO, 28 DE MARÇO DE 2009

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impressiona-me ainda o modo como tratam das suas coisas, as mesmas que lhes deveriam ser as mais bem tratadas e com esmero. o trabalho, por exemplo, tratam-no como algo ao qual estão somente por obrigação atrelados, como quem planta uma árvore não pela vida, pela doçura e pela sombra e sim somente pelo lucro de seus frutos. não executam sua obra com o desprendimento e disciplina comum aos homens sérios, fazem-no meramente por conta dos grilhões que julgam os aprisionar a esta obrigação facilmente suportável, aplicam-se sempre mais aos resultados que aos processos. neste ponto posso me surpreender bem mais com as formigas e com toda sorte de insetos que só sobrevivam em grupo.

admiram-se tanto de suas materialidades conquistadas, que pouco lhes sobra tempo para num exame mais apurado, descobrir, ou mesmo se assumir, como um ser humano consistente, de intelecto firme e de personalidade definita e resoluta. isso de modo algum me parece que lhes importe.nas conversas, se perdem a falar de si mesmos. nas ações, nada demonstram do que dizem com tanta veemência. são uma contradição ambulante. uma contradição preguiçosa e sem vigília. tementes por vaiodoso capricho. fingidamente humildes, mesquinhadamente bondosos.

nos momentos em que se defendem, enunciam que ainda estão por aprender, que ainda estão a lapidar o espírito e a mente e que por isso, os desvios de seu caráter são perdoáveis e merecem transigência por conta ainda de suas vidas novas.

os que se juntam a estes não são deles em nada diversos. são na essência a mesma mácula que lhes facilmente se anexa e lhes perdoa. neste caso, o perdoar é o mesmo que não permitir que o acerto se faça, pois ama-se o erro no outro como se o pudesse absorver a si mesmo, e o tal erro rende bem mais frutos deliciosos apesar de efêmeros, bem mais deliciosos a estes, que a ventura de ser admirado pelo reconhecido espituosismo e pela retidão de caráter. o pedir de perdão do vilão pequeno não está carregado do arrependimento, está sim carregado de vaidade e temor de assumir sua condição incompleta de indivíduo torpe, ainda assim sabedor de que jamais será capaz de mudar, pois as miúdas vilanias das quais participa jã são parte indivisível de sua essência. e esta mesma miúda vilania é o fetiche principal ao que ao vilão se adapta.


por isso, não acredite por inteiro naquele que ama o vilão. quem admite facilmente os pequenos desvios intermináveis de seu caráter nada pode fazer em reação ao desvio maior que este apresentar. a impotência inicial acaba por se transformar em cumplicidade e dependência. e isso pode nos esclarecer as loucuras que frequentemente assistimos nos noticiários.

tenho tentado encontrar aqui um vilão em condições clássicas, mas estes que vejo ainda estão em lenta formação, no risível momento até então em que ainda enganam suas namoradinhas, praticam pequenos e recônditos atos traquinas, atiram pedras nos telhados das velhinhas viúvas, dizem coisas na presença de uns que não podem ser ditas na presença de outros, disseminam mentirinhas, seduzem para abandonar, realizam para se afirmar, praticam estes pequenos atos que me fazem admitir que não os devo meter nestas páginas por serem até mesmo nas vilezas, demasiadamente poucos de si mesmos.

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(republico o que escrevi em 2009 para ser lido de um outro modo, através de uma outra recepção)

ÀS 07:46

SEXTA-FEIRA, 8 DE MAIO DE 2009

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não há como fugir ou se esconder?

ao longe eles se movimentam. uma manada de antílopes a toda velocidade
levam para o céu as nuvens de pó da savana.

contrária e muitas vezes se confundindo com a luz do sol ela caminha na mesma direção. posso ouví-la... passos firmes. posso ouví-la do mesmo modo.

antílopes a fugir das garras dos leões...


seu vestido é folhado
está de joelhos a brincar com meninas de pano

olhá-la é como sentir uma brisa me lavar a cara... como esses ventos que movimentam folhas secas nas calçadas... e parecem que correm de nós.

o corpo cheio de desejo seria um reflexo da alma. e eu que entendo bem de saudade...
devo também bem entender de desejos dos corpos, o mesmo desejo do púncaro ser xícara. um desejo de satisfazer o anseio de não sentir essa ausência.

cuido...

respiro o mesmo ar

retenho detalhes. decifro na silhueta das sombras na parede os movimentos de uma dança que precisa de música...

ou nem precisa de música.



estão mais perto. Antílopes em Antrofazia... buscam os restos da cidade para fugir das garras dos leões?

correm pra cá...

aqui não há mais caçadores. o que é belo aos olhos é o que está vivo.

o que é belo ao coração é o que nem se sabe se está vivo?

já eles chegam a pisar no que sobrou da cidade...


e quem sabe eu assistirei juntamente com a menina do balanço essas cenas de fome, fuga, vida e morte.

e vejam só.... cá estão a correr sobre as cinzas

linda imagem! A cidade vira uma nuvem e toma o céu.


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no sonho, ela sentou-se à borda do palco e balançava as pernas. mais próximo a ela estava um violão e segurando-o, um jovem de uns vinte ou um poucomais. ao fundo uma percussão. eles tinham tomado o devido cuidado para que a percussão não agredisse o timbre sutil das cordas. o contrabaixo, acústico, imenso era executado por uma mulher muito magra. à direita um flautista e do outro lado um trio de instrumentos de arco, sendo que o mais grave era uma viola sob os cuidados de um homem barbudo.

sua canção atravessava a sala. a sala era um total silêncio de platéia. era como se ela cantasse de ouvido em ouvido. como se sua música pudesse alcançar alma por alma. uma de cada vez e todas ao mesmo tempo. por não haver interfaces, não havia mentira. a intensidade era aquela em que os artífices buscavam para cada instrumento que faziam. era uma intensidade absoluta e pacifica. nenhum instrumento era ridicularizado. a nenhum deles se dizia: tua voz é fraca e precisas de ajuda para seres melhor ouvido. o que poderia ser melhor do que aquilo que estes objetos proporcionavam por si mesmos aos ouvidos que os ouviam atentos?

em certo momento a moça que cantava fixou em mim o olhar e como esquecer da canção e do que dizia..

"Nobre rapaz. de longe da estação. os trens são canções noturnas"...

nada havia entre eu e a voz que vinha de uma outra garganta.

"se te disseram para ouvir... o que antes era o caos no caos
meu bom rapaz
o universo é o fim do fim".

andar descalço seria uma idéia boa. para alguns, chorar era um caminho melhor. se de cada um em cada um, que ali estava a ouvir como eu ouvia no instante da canção eu olhasse, veria mil mundos difíceis e de muralhas imensas sendo nus e livres de tanta coisa que aprisiona.

era um teatro pequeno, iluminado por luzes de fogo brando.

era um lugar sem tanta pressa onde habitava a euterpe desaparecida de tudo o que agora nos chega aos tímpanos.

celebração. foi essa a palavra com a qual despertei.

celebração. a música em seu estado mágico e divino, trazida suavemente pelas mãos de deus.
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quem daqueles que conheces defende uma ideia?

quantos apenas seguem um fluxo como se levados de bubuia?

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hoje, através da janela do ônibus, vi um homem que trafegava pela calçada. sua imagem me ficou como a imagem de quem tinha uma tatuagem no pescoço. a tatuagem era o seu passado. o passado tatuado em seu pescoço.

ele cumprimentou uns operários que se aglomeravam ao redor de um carro de lanches. seu cumprimento era amigável e gesticulado. um sorriso sutil permanecia em seu rosto. o verde da tinta da tatuagem era bem próximo do verde que tingia sua roupa. o sol não estava tão quente, nem o trânsito estava irritante. afastou-se o ônibus daquele lugar onde estivera parado, assim fiquei me repetindo a frase que me levaria a não esquecer a visão que mantinha em si a cara da manhã de hoje: o homem com a tatuagem no pescoço... o homem com a tatuagem...

ou era a tatuagem com um homem?

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quinta-feira, 4 de novembro de 2010

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cores. uma busca constante. tons, semitons.

por vezes é bom usar as cores dominantes. por outras vezes é melhor usá-las numa diluição aquosa.

por agora, no trabalho... no trabalho no qual me envolvo neste instante, acabo por misturar, abuso da visão meio sem responsabilidade. é interessante enganar os olhos alheios. no atelier minha ânsia é por enganar meus próprios olhos. gostaria de não ver o que vejo do modo como vejo, só por um pequeno instante. gostaria de limpar meus dedos das tintas, de fugir dessa tentativa vã...


mas como?

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