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Então coloco os dois
ventiladores para girar. Ficamos ao centro assistindo filmes de piratas. O salto
no tempo me proporciona esse desconforto em não saber ao certo o tanto quanto
ela amadureceu longe de mim. Não que eu fique a cultivar e a escolher uma a uma
as palavras. Esforço-me para não me artificializar e sei que isso me
artificializa.
Ontem atravessamos o rio e fomos buscar uma ilha. Metemo-nos
numa boca. O lugar nada podia oferecer de conforto. Fomos para lá sem esperar
que fosse tão ruim. Numa viagem assim de pai e filha, principalmente por culpa
da inexperiência tanto de um quanto de outro... nem pudemos chegar até as praias desertas
que o lugar prometia. Um grande barco chegou despejando tantos espécimes
humanos de aspecto horrível, que achamos melhor nos mandar dali o quanto antes.
Ela acabou enfrentando tudo com tranqüilidade. Não é mais a
menina de seis anos que vi indo embora. É uma mocinha.
“Sou um outro planeta”, eu digo. É claro que espero algo
poético como resposta a isso. Ela no entanto fica calada e me presenteia com um
riso de meia boca. Não sei se pode existir algo mais poético que esse riso,
diante de minha patética necessidade de me explicar e me dar nomes.
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