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então seria como um convite, restam as reunificações do que só o ego e a usura separaram.
cá devo estar novamente no mar gigante da utopia. mar igual ao que me meti dia destes em que crenças ulteriores substituíram as ações mais práticas. no final a lição divina deve ter dado certo, pelo menos comigo: o talento não habita a vontade. não mesmo. resultado das vontades são resultados de heróicos esforços. mas se há talento e vontade... caramba, que mistura!
alcatéia tem sido, por desde sempre desde que lobos existem, um corpo só. nessa junção de corpos habitaria um mesmo espírito? mas há vários espíritos se há várias alcatéias. mas o que seria então a junção máxima delas?
posso arriscar uma resposta: DESEQUILÍBRIO.
No espetáculo seria preciso dizer: não saiam da luz, a não ser que esse SAIR da luz fosse na verdade um SE TORNAR ILUMINADO. mas, me digam. existia alguém fazendo isso? não, naquele caso, sair da luz era um ruído, uma desafinação.
é, meus caros. desafinação no caso de um espetáculo não é coisa somente captada por ouvidos.
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gesamtkustwerk. espetáculo, arte total, ao mesmo tempo, uma construção que se movimenta entre si e pra fora de si mesma.
não há arte soberana.
não há deuses totalmente soberanos. tudo então seria fruto de relações.
se você abre a boca pra dizer uma coisa dessas, meu amigo.... meu amigo. é melhor vestir uma camiseta onde se escreve: TOLO.
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continuo dizendo que um espaço onde a arte se mostra é um solo sagrado, um locus onde arde a sarça. respeite os solos sagrados, tire dos pés suas sandálias imundas, sinta na palma dos pés o resultado de milhares de anos. se agir contra isso, não haja somente vestido com sua pequena vaidade e sua risível fama, haja com a grandeza que deve possuir suas atitudes. veja quem você é, veja como se movimenta carregando o que não possui, como um repórter da américa latina que tenta imitar um âncora europeu, totalmente despossuído de sua própria carne e de seu próprio espírito crítico.(um trocadilho não infame).
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lembre dos que morreram defendendo o que aqui se constrói. lembre dos que enlouqueceram pela tortura da ditadura. ah, naqueles tempos eles tinham o que defender. mas onde estão os de outrora? recebendo os frutos de sua pecha? recebendo e dividindo o resultado da elitização de seu discurso?
onde está aquilo tudo?
ô maldito passado petrificado. ô pintura no halll dos castelos de poucos!
o nazareno perdeu a paciência e espulsou os vendilhões do templo com uma corda à guisa de chicote. BRAVO, LE CLOWN! uma de suas mais corajosas atitudes. quase uma atitude divina. mas a atitude de um verdadeiro messias, humano em demasia, impaciente, tempestuoso. BRAVO!
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por causa disso veio a Gólgota. e que bela produção para o espetáculo!
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e qual seria a manifestação primeira e mais importante de uma arte?
ora, meu caro. a mesma mão que manipula as cordas de um alaúde, poderia manipular os fios de um títere, ou amassaria um naco de argila, ou lambuzaria uma tela.
não confunda o meio com o que é total em sua existência.
lembre: a música surgiu do silêncio.
no início era quietude. e na quietude tudo habitava, assim como o gárgula, no seu antes, habitava o bloco de bronze.
certa vez alguém se admirou por ter conseguido imitar a natureza. por isso de tornou quase divino pois entendia a voz de deus. sibilava, sibilava.... ele tirava do todo, a parte.
era assim e ainda o é.
os anseios humanos não carecem de distração artística.
distração é o que andam procurando para o SE VIRA NOS TRINTA.
não quremos distração nos nossos palcos.
QUEREMOS O QUE QUEREMOS.
por isso, cale-se, moço prestidigitador. cale-se e busque transformar vidas. honre seu dom divino.
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certa vez ouvi um bom artista dizer que nossas escolas públicas estão cheias de pequenas putas e pivetes, que seria perda de tempo querer tentar lhes dar algo.
certa vez, alguém em quem eu acreditava, desistiu de levar a luz a quem precisava de luz. julgou melhor se dedicar a abastecer as minorias, aos que conseguiram acesso. assim, trinta ou mais jovens, cheios de anseios, deixaram de fazer parte dos escritos.
perder a fé é deixar de acreditar naquilo em que se acreditava. e é insuportável se anexar ao que consideramos um embuste, uma mentira.
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o resultado da falta de compromisso com o dom transformador que rege o espírito da arte acabou gerando as APARELHAGENS.
a necessidade veio num formato exagerado, gritando pelas ruas em CARROS-SOM. mas ela, a magestosa necessidade dos vermes está ali, esperando o surgimento de espíritos pequenos, apegados e viciados.
mas onde está a necessidade dos que necesitam. ah, lembrei, como disse nosso pequeno bom artista; habita as putas e pivetes que nada querem aprender. não é uma necessidade, ou anseio que gere frutos tão belos como aqueles que a grana de um GIG pode comprar, como scarpins de salto agulha, ou tecnologias maquiavélicas.
ó céus!
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o convite prossegue.
e ressurge sempre que a cortina se fecha e nada fica do que você fez ali sobre o palco.
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