Tenho assistido ao "menina de ouro" somente até a metade. Somente até o ponto em que lhe é desferido um golpe sujo. Do resto não faço questão. Prefiro degustar do riso de Hilary(?), que é um sorriso de dentes grandes sob olhos acesos e vivos.
O resto do filme não me importa mais...
Tenho admirado o evangelho somente até o monte das oliveiras. O resto me parece um exagero, uma chantagem demasiadamente humana.
Não é que eu não me importe com o sofrimento alheio e, certamente eu não me importo mais. Na maioria das vezes, oportunamente sofremos para uma plateia pouco atenta. A solução, quase sempre, é aumentar a intensidade sonora dos gemidos. É... melhor confessar logo e assumir que só me atinge o sofrimento de quem amo. Por vezes quem amo nem sabe que sofre, ou se sabe, disfarça, anuvia. Por isso a utilidade desse sofrimento que desempenhamos de um modo medíocre, parece só caber a nós mesmos. Não é meu papel incentivar ninguém a assumir suas dores. Quem sabe até eu mesmo seja um experiente disfarçante das minhas. Ou quem sabe as dores dos outros, ocultas ou aparentes, sejam as dores decerto em mim.
Mas não estou aqui para falar de sofrimentos. se fosse para isso, de que importaria dizer que só assisto ao fantástico filme de Klint Eastwood pela metade?
Nem estou aqui para expor minha suspeita de que jamais existiu um homem exangue que ressuscitou de uma cruz. Nem sei porque estou aqui, de que me importa estar certo que ele esteve ali?
Talvez eu devesse falar apenas do belo sorriso de Hilary Swank. Mas isso também seria algo pela metade.
Anos pares nunca me são anos bons. É... é uma superstição pessoal, já que nasci em 1970.
Pois bem...
Neste ano, vou desmontar esta minha lenda, transformá-la em piada. Um último golpe ao início do calvário. Farei em minha vida o que faço ao evangelho, lhe cortarei pela metade. Basta-me o que me é bom. E o que me é bom eu mesmo julgo.
Que seja este enfim, um bom ano. Um bom ano par, mesmo que por inteiro.