.
.
.
Naqueles dias eu estava bem mais velho do que agora estou
naqueles dias eu não buscava a juventude.
Naqueles dias, pra me encontrar eu me escondi no lugar mais escuro da cidade. Naquele lugar morava um universo mágico, que se projetava em panos e se firmava num grande assoalho de madeira.
O lugar tanto me protegeu quanto me feriu. Como um marujo que nunca abandona o convés eu queria me tornar parte daquela nau, viajar com ela em todas as viagens que ela iniciava e terminava dia após dia.
Hoje ainda estou num outro porto, mas ainda assim num porto. Ainda não fiz a grande viagem, ainda me falta o vento certo e as velas recosturadas. Mas amanhã cedo estará tudo pronto e eu partirei.
O que há além dia claro, meu bem?
O que há bem depois dessa orquestra, bem depois dessas galerias?
Amanhã vou fazer o que não fiz.
.
.
.