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AOS MEROS CURIOSOS...
AOS QUE NÃO VIVEM MERGULHADOS NO TEATRO...
AOS HIPÓCRITAS...
Dedico isso que chamam de lamentação. Veja o que é a vida. Veja... eu tenho certeza de que lamentam também os antepassados que fundaram aqui onde estamos a primeira pedra. Eles são como uma torcida entristecida que vê seu time se deixar vencer por conformação e em troca de grana.
Celso Martinez agrediu a hipocrisia dos pais de família desta cidade? Eles, estes homens respeitosos são os mesmos que outrora se deliciavam com a imagem em movimento de uma ?criança de dez anos felando seu colega de escola?
O que seria vergonhoso para esta cidade? o que seria imoral para esta cidade senão seu próprio povo?
Homens emoldurados por televisores se esbanjam em mostrar virulências, vestidos em ternos baratos, com suas orelhas de topo gigio. Dizem os livros antigos que a violência seria fetiche de fé aos deuses. Mas esta violência que praticam aqui não é admirada a não ser por demônios demasiado submundanos. E ainda assim, mesmo padecentes de tanta condenação e degeneração, estas criaturas levantam a voz e apontam os dedos e julgam o que supôem imoralidade.
Nesta terra maldita, muitos são os que julgam. Em terras malditas há muitos juízes. Os julgadores aqui, no mais das vezes, mostram-se tão incompletos, que nem mesmo seu modo de falar é claro aos que se permitem ouví-los. Assim, desentendidos, os incapazes, esperam o momento oportuno para mudar de grosso modo a cor da bandeira que até há pouco portavam. Esperam apenas alcançar notoriedade. Camaleões bizarros. Poderiam fazer qualquer coisa por aplausos e bom posto. Poderiam se negar a fazer o muito simples para manter sua pequena fama de complicadamente complicados, sua representação, sua falsidade, seu caráter diluído e rasteiro, como o caráter de criaturas da lama.
Hipocrisia talvez seja muito divertida de se ver florescer em alguém. Talvez o hipócrita seja muito mais engraçado que o mais atabalhoado polichinelo. O hipócrita é um vigia de sua própria vida. Tenta ele a todo custo não se desvencilhar de sua representação, e essa tentativa de se agarrar à unhas gera nos mansos um riso, nos sábios uma candura, na turba a mais banguela gargalhada de escárnio.
Se a questão da homossexualidade chegou a esse nível de discussão, onde é que estávamos? Nossos ouvidos, os ouvidos da civilização ocidental, os ouvidos de nossos deuses ritmistas, os ouvidos de nossos doutores da moral, estavam todos cerrados?
Ah se fosse mesmo o corpo esse ideal perfeito de união com o que não é corpo!
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Espetáculo!
Foi isso que vi em BACANTES.
Exagero, foi o que vi em BANQUETE.
Mas o que importa é que tive a graça de presenciar uma vaga sugestão de como fomos.
E sem esquecer que houve um tempo em que o derramamento de sangue nas arenas atraia multidões. Os gladiadores ali no centro a se golpearem falicamente excitados...
então o apelo erótico não podia nem na violência se perder.
...
E quem seria esta a cidade a condenar qualquer exagero?
Melhor seria que esta cidade se assumisse como uma cidade bárbara de extremos como qualquer Gomorra que se preze. Onde os ciclos de conversa ainda se prendem à posse, à carne e à lascívia. Onde quem trabalha não se importa com sua própria honra, e bem pior que as putas do mais miserável puteiro, se vendem por tão pouco. Onde ainda e por muito tempo se vestirá a máscara de donzela para disfarçar a imundície que há em sua mente?
Tudo isso eu via ali naquela demonstração dionisíaca da orgia.
As vaias no início do espetáculo para a adminisração que aí está eram as vaias para a beata matrona que se descobre nua na praça central, fornicando por dinheiro e se rendendo aos pecados nos quais outrora atirara pedras. Uma administração de putas. Putas enferidadas que se acautelam vez ou outra por suspeitarem que no meio das multidões há olhos que conseguem de fato decifrar o que representam. que enxergam claramente suas pústulas.
Se CELSO MARTINEZ desse uma volta pelos nossos teatros. Se pudesse vislumbrar a orgia nojenta que por aqui os “artistas nomeados” articulam, sentiria-se modesto e casto. Seu espetáculo de despudor seria tão pouco chocante, que tenho certeza, ele tomaria um microfone e gritaria algo para essa corja.
Tomem no cu os que pleiteiam pautas nos teatros, a se dizer vítimas de um sistema seletista, mas que no final das contas não se prepraram, não ocupam os espaços disponíveis e só sabem ficar no choro ridículo.Gente creptada e imunda. Técnicos que se vendem por ninharia, que não trabalham com honra e ainda ainda se fingem tementes aos deuses das artes. Sonplastas incapazes de ouvir os próprios peidos. Atores que se enfeitiçam de pretensão a ponto de esquecer de atuar e falam a ponto de não serem entendidos pela platéia. Administradores, cantores, diretores que nada cantam, administram ou dirigem a não ser a própria picaretagem. Pintores , escultores, cenógrafos, enfim, uma ramada inteira de demência que levou à ruína as tentativas ascendentes de gerações passadas. Uma corja que nos apodreceu como apodrecem os leprosos.
Gente que não reage por não ter como reagir.
Por morrer de preguiça e se esmerar em incompetências.
Imundo e vil não é o teatro do OFICINA. Entre quatro paredes, sem essa máscara de alvenaria e sem a ostentação furtada por mentiras, subsiste uma sociedade muito sacaninha. Vermes de esquerda e de direita, pedófilos, viciados, assassinos, que se amontoam numa orgia mesquinha, pequena e indecente, meramente mortal.
E quem é o PARAENSE para falar de algo que choque? Não é esta a terra da vergonha? uma terra que nas notícias nacionais só mostra que não presta!
Não seria isto que o teatro local deveria revelar? Que aqui é um celeiro onde mora a vergonha? que aqui seria um lugar onde dorme a redenção?
Ah não. Os nossos artistas estão ocupados demais com o BELO idealizado pelo poder que adoram e que os aprisiona. querem ser brancos. Nossos músicos evangélicos nada dizem porque não querem ir para o inferno, dizer com o que fazem seria lhes contradizer. Eles chamam de benção o dinheiro que ganham roubando da arte o que deveria ser público. Danados! Deveria haver uma lei na qual adoradores de deuses estrangeiros fossem considerados adoradores de deuses estrangeiros. músicos evangélicos deveriam tocar em palcos para o seu Deus judeu e não aqui, na casa da liberdade. Como poderia haver exegese com essa música automática e sem fé, que fazem? Como poderia haver amor a essa pretensiosa beleza que lhes soa como o portal da geena? Vejam só o que ganham: uma platéia vazia. Não poderia haver maior vergonha: se vender ao cézar em troca de migalhas.
Vejam essa corja. Eles se reúnem, se defendem. Trocam favores entre si. Fazem espetáculos muito ruins para parentes e ainda assim se julgam capazes de se julgar. Vejam as nossas fundações culturais, nossos institutos,, soltando soldos para conhecidos, burlando oficinas para descolar um troco, sustentando um pequeno grupo de mediocres. Distribuindo cargos a incompetentes que não trabalham e nem amam o que deveriam amar.
HIPÓCRITAS!
HIPÓCRITAS!
Sei que gostaria do poder, para exterminar com armas de brinquedo os que insistem em contaminar com seus preconceitos pequenos tudo o que tocam. E ainda assim na entrada desse espetáculo não haveria a placa preventiva dos iniciados que costuma dizer aos mais astutos: “SE ESTÁS SOMENTE CURIOSO, AQUI NÃO ÉS BEM VINDO”. "SE NÃO QUERES TE SUJAR DE TINTA NEM VÊM".
Se soubessem onde pisam nem teriam pés.
Se soubessem que possuem pés, rastejariam.
não se acautelem, aqui é uma casa de permissões ensaiadas.
aqui a dor é verdade mas não dói.
aqui o tesão é verdadeiro mas não há cópula nem ereção.
aqui o que é, não é.
aqui o que não é, é.
...
Mantenham-se contentes com a merda na qual vivem, meus caros. A velhice não tarda e a morte é um bom conselheiro para dizer que... meu caro...
Meu caro...
...Você acaba de perder uma grande oportunidade de viver.
Quando o teatro toma alguém pelas mãos é como a vida que toma o que antes não tinha ânimo.
Posso dizer afinal:
Asqueroso é o espetáculo dirigido que nesta cidade acontece fora dos palcos, nos nichos palacianos e nas mesas de bar. onde meia duzia de moleques se arquiteta, onde a malta prepara o suborno, onde a malandragem deturpa a cena.
Há os que fazem teatro em sua casa, na rua, nos sinais de trânsito... em qualquer lugar.
Há também os que fazem teatro em prédios construídos para teatro...
O desdém de quem está administrando este estado para com estes espaços é o que me deixa envergonhado e agredido.
Ficar nu é muito pouco do que se poderia fazer contra isso tudo. o menos certo é fazer o que acreditamos ser sublime.
assim, alguns rezam ou oram...
outros vivem.
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