quinta-feira, 27 de maio de 2010

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E foi assim que surgiu um vago e uma necessidade. E foi assim que nele era preciso descobrir um modo de enxergar finalmente o que parecia tão claro.

Ele atravessou o rio e alançando a outra margem desapareceu, nunca mais foi visto. Dizem que, se voltou, voltou a ser um outro, desconhecido, que andava entra as gentes e mal se fazia percebido. Nenhuma de suas potências vivas poderia se manifestar fazendo parte de um desconhecido, de um estrangeiro que sem que nem pra que atracou ao trapiche sua canoa de outros estaleiros, a se dizer um visitante apenas.

Não foi tão tarde que começou a ouvir as vozes que sussurravam apenas. Era como se as vozes fosem crianças aprendendo a falar. Era sim, eram como as crianças que de tudo sabiam por terem sido companheiras recentes dEle. Crianças que de tudo sabem e a tudo não podem atribuir palavras por terem sido colocadas em corpos tão incompletos. Mas foi muito depois que entendeu que mais cedo ou mais tarde seria preciso ouvi-las. Era imprescindível ouvi-las...

Na manhã do março das águas grandes mergulhou no rio e surgiu do outro lado, diante da casa do Funileiro, onde todos pararam sem nada saber do porquê daquele homem de uma hora pra outra boiar nu ali diante a rumar para a terra firme como que cego por delírios.

Depois disso, a sabedoria popular entendeu que algo aconteceu fantástico a ele, que frequentou o reino do fundo, onde a tudo mal se vê porque é tudo tão turvo.

Ouço essa narrativa sem espanto por suspeitar que se trate de uma viagem um tanto louca pela qual passaremos todos um dia. Transição é a sina da energia que somos? Ah que eu indago como uma debrandina mal entendida! Se um dia fomos o que não estamos a ser agora, se um dia seremos um outro nome, se um dia chegaremos à outra margem...

O único modo de dizer é essa inconstância: a arte. Nome em português estranho, A ARTE, pouco para ser o nome de um caminho inexplicável como corpo e muito mais como não dado ao toque.

Tem isso de se entender o processo da sede como sendo igual ao de quem mergulha e se deixa ao reino do fundo. Uma sede durante a estrada,uma sede rodeada de líquido, que assola o corpo viajante. Sedento ele busca por vida que lhe possa saciar. É um não morrer de sede e ainda assim senti-la mais dolorida que o medo da morte, sim, mais dolorida, pois da sede intensa da arte, a morte nem sombra é. O desejo maior durante os delírios é que surjam as mãos salvadoras da mãe a molhar tua cabeça e a te saciar com todos os líquidos.

Mas a sábia mãe que a tudo sabe, como o sabe toda velha mulher só te deixa cair até a boca umas gotas que parecem insuficientes.

Assim continuas ...

Em mergulho e em caminhada.

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Sim, eu estava emputecido ali, sentado e respirando fundo, rodeado de gente que um dia me falou de abrir o coração a deus, e eu ficava me imaginando com uma adaga na mão, com meu músculo pulsante sobre uma pedra, rasgando-o e gritando ao onipotente inventado pelos estrangeiros: aqui está! Aqui está! E aqui estou, sentado com gente que agora destampava garrafas de cerveja e filosofeava com um requinte tão incomum que me fazia ficar pensando...

Um deles, chamado Hermosso, cara grande e feio que fingia ser meu conhecido a ponto de me destinar certas intimidades, mal abria os olhos, e quando o fazia era para não perder de vista o decote da cantora de bar, que cantava uma música corrompida com muitas metáforas, tantas que me faziam esquecer até o que pretendiam metaforear.

-conheço essa aí desde pequena – disse um que estava acomodado na mesa á minha esquerda. Disse isso a me olhar, como se me importasse essa informação, como se conhecer alguém desde pequeno fosse o mesmo que conhecer alguém. Disse como se o fato dele a conhecer assim facilitasse as coisas a ela.

-É tão deprimentemente nostálgico - disse o outro da direita, que parecia contrariar o primeiro – tão triste e nostálgico quanto as cigarras do Emílio.

Cigarras do Emílio? O que esse cara sabe sobre as cigarras? Mirei-o bem na cara, tentando desvendar a fisionomia de quem se atrevia a tirar do bolso uma frase tão descabidamente poética. Discordo disso de dizer que as cigarras são cantoras tristes. Sim, são cantoras de despedida, mas não só se entristecem num afastamento os viciado em posses e domínios? As cigarras do Emílio só cantam...

Porra, a cantora se encosta num velho fliperama. Dali dá pra ver bem suas pernas, os joelhos volumosos, a saia de folho preta e um corpete. Está de costas e dança. Penso que não é tão bela como dizem. Seus cabelos escorrem pelas costas, a luz que vem dos carros desenha movimentos nas suas costas. Ela dança e canta.

- diabo de criação gostosa e medonha! E o que é isso que ela balbucia? – resmungou o cara das cigarras - que merda! Não dá pra baixar esse volume? Não viemos aqui para ouvir isso, viemos para beber, não é? Quando viemos para um bar, viemos para beber, porra. Agora se ela tirasse a roupa, seria mais divertido, gosto desses fiambres branquinhos...

Com coisas assim nem se concorda nem se discorda. Olhei para o meu copo de cerveja e senti aquela obrigação por esvaziá-lo. Não me atrevi. Quando a cantora deixou de rebolar e cantar eu já havia desistido de usufruir da função maior de um bar. Pedi alguma coisa para comer, não lembro o quê...

Hermosso via tudo com os olhos que só se abriam vez ou outra. O canto de sua boca se retorcia. Uma espécie mal escrita de “o sorriso do bruto para a noite dadivosa”. A cantora na máquina de fliperama me lembrava o filme TÓKIO EM CHAMAS. Rebola meu bem, sussurrava Hermosso, por baixo dessa saia de folho há uma vagina cansada a esperar por um principe que pague a pernoite e algumas etílicas fileiras brancas... rebola e canta, meu bem. Tenho um possante lá fora que custou caro e uma coisa que vai preencher o vazio de teus olhos rararara! É assim desde antes de salomé! REBOLA GOSTOSA!!! Herodes comeu ela? O que vocês acham? Rarararara.Chefe!!!

Vários bilhetes se amontoavam sobre a lâmina de vidro do fliperama. As cigarras do Goeldi não sabem ler e cantam sempre a mesma velha coisa natural e sem rima: ssssss ssssss ssssss! Não pedem permissão e incomodam as senhoras de alta classe em seus apartamentos. Há muito mais alma nisso de sibilar por volta das cinco, não, nada de pedidos baby, detesto Chico senão por Chico calado. Havia muito mais alma em tudo que não fosse aquilo.

Ao final a moça que cantava desceu do patíbulo e lambeu com certa vaidade juvenil a boca de um carinha que estava sentado por ali quietinho desde o começo, talvez a única criatura a motivá-la, por estar, decerto, cego . Ouvi aplausos? aplausos de bar de beira de rua não me soariam como insulto. Ser aplaudido por bêbados e por gente que só quer trepar é tão mal assim. É, onde no mundo haveria um público diferente?

No meio do vozerio alguém gritou: “É isso aí gostosa! Belo reboladinho rarararara!”.

Reconheci. Era Hermosso.

Depois novamente a mesma voz com uma outra poesia...

“já se pode ver ao longe

A senhora com a lata na cabeça

Equilibrando a lata vesga...”

Catarina hoje me informou ser uma letra de Chico César e de Vanessa.

“O que faz o equilíbrio cego a lata não mostra

O corpo é que entorta, pra lata ficar reta”.

Descobri dia desses que “equilíbrio cego é o modo como chamam aquele rolo de pano usado pelas sertanejas entre a cabeça a a lata d’água.

Não quis ouvir mais nada. Se quem canta ouvisse o que canta

Se quem toca ouvisse o que toca

E se quem ouve soubesse que saber ouvir não basta...

Que merda. Deixei o copo de cerveja intacto sobre a mesa ao lado de uma nota de cinquenta e Hermosso em fim de noite, jogado no chão, enquanto os garçons já empilhavam as cadeiras.

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Passamos quase o dia inteiro pintando o ícone que por apenas alguns minutos ficaria ao centro do palco, seis minutos pra ser mais preciso. O ícone, pequena bandeira de algodão, se manteria ali, subiria em seguida, revelaria algo que tentaria não revelar o que não deveria ser revelado. De pois a tentativa de não revelação desapareceria. O que surgiria não seria a verdade, seria um fato.Fiquei pensando que tudo isso é muito inútil. Inútil como mágica, que sabemos ser truque e ainda assim admiramos. Envergonha-me um pouco essas traquitanas.

Oito horas de trabalho, tratando com esmero os detalhes, tudo isso por seis minutos. O mais importante estaria ali por trás, cantando palavras nem sempre com algum sentido.

Fazemos muitas coisas assim, muito tempo de dedicação por pouco tempo de manifestação. Essa relatividade temporal é mesmo o que seu nome diz. Posso me indagar e preparar um index de coisas que me tomam dedicação por muito tempo, coisas que sei na veiculação não viverão mais que um piscar de olhos. Mas vem de meus antepassados essa paciência de mutá. Ficar a noite inteira quieto esperando a caça passear sob o umarizal. Quantos nacos de tempo dura um apertar de gatilho?

Coisas que possuem vida de libélula.

Porém...

coisas com apetite de libélula.

...

Uma de nossas conversas nos levou a indagar a sei lá quem:

A quem eu envergonho com minhas atitudes?

Na mente deles como ficarei depois de minha passagem por aqui? Se essa pergunta tira teu sono é sinal que há um zahirishta dos grandes dentro do teu juízo.

Serei considerado um bom sujeito ou o pior que por aqui manteve os pés? Quando eu sair o que resmungarão? “ai vai um bom homem”, ou “como vai tão tarde esse pequeno Raskolnikov” ?

Temo meu senso de justiça. Temo-o injusto. Muitas vezes lembro de sermões que ouvi de meu pai e me indago se sou mesmo o que prometi diante dele ser a mim mesmo. Justiça é o que mais pregava o tal velho sem palavra alguma, apenas com o trabalho de mudar o lenho em coisa útil. “Equilíbrio não é ter segurança em andar de pontacabeça ou com um pé só. Ser equilibrado é ser justo”.

Nem equilibrado e nem justo. Não sei se uso as mesmas medidas pra uma coisa ou outra.

Porra pai. Foi mal. Acho que te envergonho um pouco.

...

Para um quebracabeça espalhado pela casa é a casa que está em desordem. O que a casa pensa a respeito deste quebracabeça?

...

Obrigado. Sim, é pra você. Obrigado. Olhando de um jeito diazomático percebi seu traço, que eu disse melhor que o meu. Foram mais de sete horas de trabalho. No começo dos rabiscos dos labirintos cheguei a achar que aquilo não seria possível. Em certo instante até pedi coragem, alegando que a coragem é um dos principais atributos da arte. Risível. Você nesses instante demonstrava uma técnica que tornaria tudo mais fácil.

Obrigado.

...

tenho orgulho de trabalhar no teatro ao lado de algumas pessoas que amam o teatro. Pessoas que sabem ali ser um local a ser respeitado, por reconhecerem que não há uma tradição qualquer em jogo, que essa transmissão vem de nossos antepassados tanto quanto uma religião. E se não reconhecem isso por conta do tamanho de seu repertório cognitivo, o fazem por bom caráter e boa formação moral.

Não me envergonho de no mesmo lugar trafegar ao meu lado indivíduos dominados por força inversa. Apenas apiedo-me dessa impossibilidade que possuem, como os que não são agraciados pela fortuna de um milagre muito simples tal como abrir os olhos e enxergar o dia. A eles o que me vem como sensação é a mesma que me toma diante de mendigos que vagam pela cidade a carregar trapos e lixos segurando-os como se fossem tesouros metafisicos.

...

O subjuntivo é uma casa onde tudo é possível.

...

“-quem é amanhã aqui?

-amanhã?

-sim.

-amanhã é ninguém”.

Fantástico esse diálogo nos corredores do teatro.

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Passamos quase o dia inteiro pintando o ícone que por apenas alguns minutos ficaria ao centro do palco, seis minutos pra ser mais preciso. O ícone, pequena bandeira de algodão, se manteria ali, subiria em seguida, revelaria algo que tentaria não revelar o que não deveria ser revelado. De pois a tentativa de não revelação desapareceria. O que surgiria não seria a verdade, seria um fato.Fiquei pensando que tudo isso é muito inútil. Inútil como mágica, que sabemos ser truque e ainda assim admiramos. Envergonha-me um pouco essas traquitanas.

Oito horas de trabalho, tratando com esmero os detalhes, tudo isso por seis minutos. O mais importante estaria ali por trás, cantando palavras nem sempre com algum sentido.

Fazemos muitas coisas assim, muito tempo de dedicação por pouco tempo de manifestação. Essa relatividade temporal é mesmo o que seu nome diz. Posso me indagar e preparar um index de coisas que me tomam dedicação por muito tempo, coisas que sei na veiculação não viverão mais que um piscar de olhos. Mas vem de meus antepassados essa paciência de mutá. Ficar a noite inteira quieto esperando a caça passear sob o umarizal. Quantos nacos de tempo dura um apertar de gatilho?

Coisas que possuem vida de libélula.

Porém...

coisas com apetite de libélula.

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Uma de nossas conversas nos levou a indagar a sei lá quem:

A quem eu envergonho com minhas atitudes?

Na mente deles como ficarei depois de minha passagem por aqui? Se essa pergunta tira teu sono é sinal que há um zahirishta dos grandes dentro do teu juízo.

Serei considerado um bom sujeito ou o pior que por aqui manteve os pés? Quando eu sair o que resmungarão? “ai vai um bom homem”, ou “como vai tão tarde esse pequeno Raskolnikov” ?

Temo meu senso de justiça. Temo-o injusto. Muitas vezes lembro de sermões que ouvi de meu pai e me indago se sou mesmo o que prometi diante dele ser a mim mesmo. Justiça é o que mais pregava o tal velho sem palavra alguma, apenas com o trabalho de mudar o lenho em coisa útil. “Equilíbrio não é ter segurança em andar de pontacabeça ou com um pé só. Ser equilibrado é ser justo”.

Nem equilibrado e nem justo. Não sei se uso as mesmas medidas pra uma coisa ou outra.

Porra pai. Foi mal. Acho que te envergonho um pouco.

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Para um quebracabeça espalhado pela casa é a casa que está em desordem. O que a casa pensa a respeito deste quebracabeça?

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Obrigado. Sim, é pra você. Obrigado. Olhando de um jeito diazomático percebi seu traço, que eu disse melhor que o meu. Foram mais de sete horas de trabalho. No começo dos rabiscos dos labirintos cheguei a achar que aquilo não seria possível. Em certo instante até pedi coragem, alegando que a coragem é um dos principais atributos da arte. Risível. Você nesses instante demonstrava uma técnica que tornaria tudo mais fácil.

Obrigado.

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tenho orgulho de trabalhar no teatro ao lado de algumas pessoas que amam o teatro. Pessoas que sabem ali ser um local a ser respeitado, por reconhecerem que não há uma tradição qualquer em jogo, que essa transmissão vem de nossos antepassados tanto quanto uma religião. E se não reconhecem isso por conta do tamanho de seu repertório cognitivo, o fazem por bom caráter e boa formação moral.

Não me envergonho de no mesmo lugar trafegar ao meu lado indivíduos dominados por força inversa. Apenas apiedo-me dessa impossibilidade que possuem, como os que não são agraciados pela fortuna de um milagre muito simples tal como abrir os olhos e enxergar o dia. A eles o que me vem como sensação é a mesma que me toma diante de mendigos que vagam pela cidade a carregar trapos e lixos segurando-os como se fossem tesouros metafisicos.

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O subjuntivo é uma casa onde tudo é possível.

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“-quem é amanhã aqui?

-amanhã?

-sim.

-amanhã é ninguém”.

Fantástico esse diálogo nos corredores do teatro.

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sexta-feira, 7 de maio de 2010

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Assisti a uma matéria sobre a destroca daqueles bebês. Automaticamente me lembrei do dia e da hora em que carreguei Aísha pela primeira vez. Tinha uns olhos muito negros, grandes e atentos em aspecto. Como seria saber depois que geneticamente ela não teria sido gerada por mim e por Rúby?

Seria uma prova muito exigente de respeito por minhas idéias contra a necessidade humana obssessiva de possuir almas. Coisa que criaturas humanas desenvolvem demasiado. Tanto que seus deuses e demônios os imitam em comportamento. Brigam por almas, como generais na busca por convocados. Sâo deuses que vivem em guerra e pregam a paz. Risível.

Eu não a amaria por não ser minha? Se tirassem ela de meus braços, se por alguma outra verdade ela fosse levada embora eu deixaria de lhe amar?

Retirar os possessivos seja talvez muito pouco para abrir os horizontes ao amar livre. Não é uma atitude fácil, pois vai de encontro a tradições antigas, as mesmas que criaram as cercas, as muralhas e posteriormente, a pólvora.
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Ontem discutimos sobre isso que tem o nome de compaixão. Suponho que me causaria incômodo assistir a um cachorro de tres pernas atravessar lentamente uma avenida de trânsito intenso.

Seria isso compaixão? Isso de não querer nele a dor que poderia ser em mim... ou posteriormente ao desfecho ter certeza de não ver graça em coisas sem vida que assim, nesse estado, só poderiam alimentar o que de ruim em mim soasse como prazer?

O que de egoísmo há na compaixão?

Mas veja! É o cão que me mordeu. Ele atravessa lentamente e os carros resvalam em suas orelhas cabisbaixas. Outrora se mostrava muito zangado com os dentes exibidos entre um rosnar um tanto cômico, como quem defende o território de um invasor maligno. Magro e aparentemente faminto, indisposto e preguiçoso ameaçou-me à mordida mas se deteve. Agora ele atravessa a rua sem se deter e todos se divertem de sua desgraça entre os pneumáticos vorazes.

Ainda estou em busca de uma resposta...

Não demora para que um caminhão espalhe os miolos do bicho pelo asfalto. O que sentirei diante disso?
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LIA SOPHIA deu uma lição: o ouro está aqui, como sempre esteve, eu diria com a mão no queixo. Uma das características dos músicos de Belém - estes que se plantam num gazebo vaidoso - é fazer música absurdamente chata. Música que não atrai pessoas e se não as atrai não pode nem em pouco transformá-las. LIA SOPHIA cantou música que não é chata. Dores de cotovelo se espalharão pela cidade. Artistas acostumados a enganar seu público se indagarão intimamente porque não foram alcançados por essa idéia? é a ineficiência artistica deles que gera o lixo do qual desdenham. um lixo que se reciclado os sobrepõe por ser mais verdadeiro.

A resposta é simples: eles querem ser o que não são. buscam impressionar com armas alheias e reluzentes os que fingem entender os movimentos de uma outra cultura . numa localidade mais cabocla poderiam ser chamados de criaturas pavulagens, complicadoras do que é simples, pintos no lixo.

Que o BASA continue dizendo não para os chatos e aposte em quem se arrisca por novas propostas - pelo menos novas por aqui. Que os mortos morram e que os vivos sejam, com seus versos simples, revivificados. Que os invejistas também morram tocando para meia dúzia de familiares e amigos falsos para nomearem em seguida espaços públicos.

Que embolsem o dinheiro das leis de incentivo para que não paguem ou sequer contratem profissionais, e assim troquem seu carro por um “último modelo”, ou zanzem pela noite a se dizer criatura da noite. Assim indagarão “quem é aquele?” e responderão, “é uma grande artista... mas não sei que arte ela faz, lembro de ter almoçado certa vez um sanduíche enquanto ela cantava para isso uma trilha”. É um triste fim que desejo aos meus melhores inimigos.

“faça dessa noite a mais linda pra que eu nunca possa esquecer... que eu vou me entregar corpo e alma...”

Esse verso fecha aqui a verdade da noite quase perfeita de LIA. que de uma vez por todas essas outras criaturas aprendam o que significa a diferença entre uma noite de espetáculo e um apertar de botão de um CD player que imita a forma humana em pé num palco.
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