sexta-feira, 7 de maio de 2010

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Assisti a uma matéria sobre a destroca daqueles bebês. Automaticamente me lembrei do dia e da hora em que carreguei Aísha pela primeira vez. Tinha uns olhos muito negros, grandes e atentos em aspecto. Como seria saber depois que geneticamente ela não teria sido gerada por mim e por Rúby?

Seria uma prova muito exigente de respeito por minhas idéias contra a necessidade humana obssessiva de possuir almas. Coisa que criaturas humanas desenvolvem demasiado. Tanto que seus deuses e demônios os imitam em comportamento. Brigam por almas, como generais na busca por convocados. Sâo deuses que vivem em guerra e pregam a paz. Risível.

Eu não a amaria por não ser minha? Se tirassem ela de meus braços, se por alguma outra verdade ela fosse levada embora eu deixaria de lhe amar?

Retirar os possessivos seja talvez muito pouco para abrir os horizontes ao amar livre. Não é uma atitude fácil, pois vai de encontro a tradições antigas, as mesmas que criaram as cercas, as muralhas e posteriormente, a pólvora.
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Ontem discutimos sobre isso que tem o nome de compaixão. Suponho que me causaria incômodo assistir a um cachorro de tres pernas atravessar lentamente uma avenida de trânsito intenso.

Seria isso compaixão? Isso de não querer nele a dor que poderia ser em mim... ou posteriormente ao desfecho ter certeza de não ver graça em coisas sem vida que assim, nesse estado, só poderiam alimentar o que de ruim em mim soasse como prazer?

O que de egoísmo há na compaixão?

Mas veja! É o cão que me mordeu. Ele atravessa lentamente e os carros resvalam em suas orelhas cabisbaixas. Outrora se mostrava muito zangado com os dentes exibidos entre um rosnar um tanto cômico, como quem defende o território de um invasor maligno. Magro e aparentemente faminto, indisposto e preguiçoso ameaçou-me à mordida mas se deteve. Agora ele atravessa a rua sem se deter e todos se divertem de sua desgraça entre os pneumáticos vorazes.

Ainda estou em busca de uma resposta...

Não demora para que um caminhão espalhe os miolos do bicho pelo asfalto. O que sentirei diante disso?
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LIA SOPHIA deu uma lição: o ouro está aqui, como sempre esteve, eu diria com a mão no queixo. Uma das características dos músicos de Belém - estes que se plantam num gazebo vaidoso - é fazer música absurdamente chata. Música que não atrai pessoas e se não as atrai não pode nem em pouco transformá-las. LIA SOPHIA cantou música que não é chata. Dores de cotovelo se espalharão pela cidade. Artistas acostumados a enganar seu público se indagarão intimamente porque não foram alcançados por essa idéia? é a ineficiência artistica deles que gera o lixo do qual desdenham. um lixo que se reciclado os sobrepõe por ser mais verdadeiro.

A resposta é simples: eles querem ser o que não são. buscam impressionar com armas alheias e reluzentes os que fingem entender os movimentos de uma outra cultura . numa localidade mais cabocla poderiam ser chamados de criaturas pavulagens, complicadoras do que é simples, pintos no lixo.

Que o BASA continue dizendo não para os chatos e aposte em quem se arrisca por novas propostas - pelo menos novas por aqui. Que os mortos morram e que os vivos sejam, com seus versos simples, revivificados. Que os invejistas também morram tocando para meia dúzia de familiares e amigos falsos para nomearem em seguida espaços públicos.

Que embolsem o dinheiro das leis de incentivo para que não paguem ou sequer contratem profissionais, e assim troquem seu carro por um “último modelo”, ou zanzem pela noite a se dizer criatura da noite. Assim indagarão “quem é aquele?” e responderão, “é uma grande artista... mas não sei que arte ela faz, lembro de ter almoçado certa vez um sanduíche enquanto ela cantava para isso uma trilha”. É um triste fim que desejo aos meus melhores inimigos.

“faça dessa noite a mais linda pra que eu nunca possa esquecer... que eu vou me entregar corpo e alma...”

Esse verso fecha aqui a verdade da noite quase perfeita de LIA. que de uma vez por todas essas outras criaturas aprendam o que significa a diferença entre uma noite de espetáculo e um apertar de botão de um CD player que imita a forma humana em pé num palco.
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