segunda-feira, 23 de junho de 2014

notas tortas

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Então  coloco os dois ventiladores para girar. Ficamos ao centro assistindo filmes de piratas. O salto no tempo me proporciona esse desconforto em não saber ao certo o tanto quanto ela amadureceu longe de mim. Não que eu fique a cultivar e a escolher uma a uma as palavras. Esforço-me para não me artificializar e sei que isso me artificializa.

Ontem atravessamos o rio e fomos buscar uma ilha. Metemo-nos numa boca. O lugar nada podia oferecer de conforto. Fomos para lá sem esperar que fosse tão ruim. Numa viagem assim de pai e filha, principalmente por culpa da inexperiência tanto de um quanto de outro...   nem pudemos chegar até as praias desertas que o lugar prometia. Um grande barco chegou despejando tantos espécimes humanos de aspecto horrível, que achamos melhor nos mandar dali o quanto antes.

Ela acabou enfrentando tudo com tranqüilidade. Não é mais a menina de seis anos que vi indo embora. É uma mocinha.


“Sou um outro planeta”, eu digo. É claro que espero algo poético como resposta a isso. Ela no entanto fica calada e me presenteia com um riso de meia boca. Não sei se pode existir algo mais poético que esse riso, diante de minha patética necessidade de me explicar e me dar nomes.
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