terça-feira, 16 de agosto de 2011

MEMÓRIAS DE SERAFIN - 8

Os anos se passaram tanto e tanto, que mal me posso conter de vontade de deixá-los sem exortação alguma. nada de extraordinário no resto dos meus anos. talvez por isso mal me possa lembrar de detalhes, como as cores, os perfumes, as texturas dos dias...

especializei-me na arte de dominar o fogo, criando a ilusão ao meu redor de que eu poderia fazê-lo surgir e agir de acordo com minhas vontades.

não demorou para que nas cidades onde o circo chegava, o nome de Serafin, o filho, se tornasse o mais citado nas rodas de conversa nos calçadões e praças e nas fileiras que cresciam a cada dia diante das bilheterias.

ah... eu poderia me perder em detalhes, em historietas do meu cresce não cresce. mas salto por todos os vinte anos seguintes ao dia de minha nomeação, para recordar com deliciosa saudade, do perfume de Li, a filha do barqueiro, de pele tão branca e sorriso tão tímido.

tirar de mim o mistério que é esse: esquecer da formosura de seu rosto, e guardar somente o desenho pueril  das flores solares bordadas em suas sapatilhas.



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