terça-feira, 16 de agosto de 2011

MEMÓRIAS DE SERAFIN - 7

os primeiros passos


Desci ao chão ainda um pouco fraco dos passos. quase caí e quando fui amparado, já não era por estranhos. O anão Zimbro era muito menor que minha altura e sua cabeça se encaixava sob meus braços, como se fosse uma muleta humana. o outro, Buchinelo, era tão alto, que carecia que eu dobrasse completamente a cabeça para trás para poder enxergar seu rosto e, meus olhos davam na altura de seus joelhos.

Todos pararam de fazer o que faziam para observar, silenciosos, o meu passeio.

"eles devem estar se perguntando qual é o seu talento, garoto", disse zimbro. "Se você pôde perceber, o meu talento é ser muito grande na minha falta de altura".

"e o meu talento é ser enorme em minha falta de pequenez", completou Buchinelo, que agoniado com nossos passos, andava miudamente para suas longas pernas.

imaginem o que não era aquilo ali pra mim... o grande circo Antrofazia

todos os loucos e estranhos do mundo estavam reunidos naquele acampamento: mulheres de barba, homens quadrúpedes, o homem zebra, a mulher cobra, o engolidor de lâminas... o vendedor de cavaco chinês...
e Serafim, o palhaço que dominava o fogo, capaz de fazê-lo atender aos seus pedidos, como se esse elemento fosse, tal como nos tempos remotos, um deus que ouvia e reagia aos seus fiés.

e foi ele, o palhaço do fogo, que veio até mim, ajoelhou-se  em minha frente e disse-me:

"Muito bem, pequenino, pelos rituais deste lugar, devo repetir a mesma pergunta que já lhe fiz: Qual o seu nome, menino que não ri?"

Serafin. eu respondi.

 dessa vez não se ouviu nenhum riso ou gritaria.

então ele completou:

"seja bem vindo ao seu novo lugar no mundo, onde nunca mais estará sozinho. Aplausos para Serafin".

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