quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

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Ela escreveu alguns conselhos; descompromissada coma forma da escrita. eu precisava de conselhos. Minha contagem regressiva parecia estar a ponto de terminar antes do seu fim.


Tem um rosto de quem tem um cheiro bom. o lábio superior, levemente levantado, deixa a boca quase sempre entreaberta, como se estivesse pronta para dizer algo a qualquer instante. suas fotos são da década de setenta; é uma mulher linda. seu corpo nu é divinamente despudorado, como se fosse imprescindível para o bom andamento das coisas, que ela andasse nua por aí, de cabelos soltos e púbis intocável.

Fernanda vive no presente, mas sua imagem é do passado.

Fiquei assistindo seus filmes, tentando entender o tempo, com uma vaga ideia de ter adquirido o poder para superá-lo.

Vez ou outra tenho atravessado o portal, tenho me encontrado com  a Fernanda aprisionada em estampas, tentando compreender suas insatisfações, alegrias...  desânimos.

Mistério temporal prometido.

Impossibilidade carnal tornada a mais invencível Esfinge.

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