quando o vácuo persiste depois que uma travessia findada...
tal como deve se ter sentido um Ulisses em pé, de volta, sobre o piso de sua velha casa.
assustado com os olhos de Penélope, que não o reconhecem.
um vazio, refreado pela pequena coragem, se adianta na mente e diz sorrateiro: meu caro, a vida que tiveste até aqui, e que em nada era de teu costume, é de tanto mais certa e triunfal que esta, que por tanto buscaste, e que deverás recuperar sem nem saber se ainda perdura, em tudo... contigo.
nada mais perdura contigo.
pois está visto. daqui tudo pode acontecer. lanço-me neste prefácio de qualquer coisa. atravesso o baile de mãos estendidas. mas não quero a dança, quero o copo e o vinho dentro dele, e dentro do vinho a embriagada lucidez que abandonei outrora.
é então que cerro os punhos e golpeio a porta.
ela se abre.
é assim que tudo começa, de novo. Com o homem muito velho que arregala os olhos ao me dividir. Estou de volta, eu digo, cumpri minha pena. trinta anos se passaram... leve-me de volta ao meu quarto.
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