Eu vi um lobo. Ele se destacou entre os outros lobos e se tornou seu líder.
Acompanhei-os por centenas de dias. Não, eu não sou biólogo. Quando eu olho para essa janela, eu não vejo em mim um biólogo. Sou uma criatura livre, um pensamento livre. Mas os lobos estavam ali. Eu estava me escondendo deles. Se caso eu não fosse o melhor nisso, em me esconder, tornaria-me presa fácil. Pàssei milhares de dias ali... trinta anos humanos, eis a minha pena, trinta anos numa ilha repleta de lobos.
Mas é preciso que eu narre brevemente a passagem pelo mundo, deste lobo.
Veio de uma linhagem que se comportava de uma maneira mais amistosa com as presas. Essa linhagem possuía a capacidade de fazer amizade com elas, alguns instantes antes de abocanhá-las. Esse comportamento ao qual me refiro, foi o comportamento que a alcatéia teve, ao me assediar por trinta e sete dias, doze horas e vinte e três minutos. Conheci, os ancestrais desse lobo, para o qual dedicarei minha narrativa.
Conheci o início dele, antes, muito antes, dele.... se iniciar em ser lobo.
Era tranquilamente feroz. Para ilustrar poeticamente essa ferocidade, lembro que alguns pássaros pousavam muito perto de suas garras. Vi borboletas. Isso é sério. Vi borboletas. Borboletas pousarem em suas costas.
Abruptamente tinha um lampêjo:
devorava, surpreendentemente, umas quantas borboletas e uns quantos passarinhos. Mas os outros passarinhos e as outras borboletas que ficavam já não se assustavam, continuavam ali, tranquilas e fechando os sentidos todos, como se nada lhes tivesse acontecido.
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