sábado, 1 de outubro de 2011

PREFÁCIO DE QUALQUER COISA - 2

então não seria diferente. ninguém esquece algo assim, nem que cem anos escorram pelos dedos. A vizinhança de pé em cada porta de cada casa, denunciava o meu fardo, virei uma lenda ambulante, um conto urbano que habita imaginários.

Mas os muitos velhos se transformaram em pouco sobreviventes, e a rua, outrora estranhamente atrasada e provinciana, parecia-me triunfar em espigões e calçadas de mármore.

o vendedor de frutas persistia. embora torto e sem memória, olhou bem dentro dos meus olhos e demonstrou certo espanto.

percebi um sussurro que de uma outra dimensão se construía no modo como ele estremeceu. Assassino...  era a palavra escrita naqueles gestos.


trinta anos não são suficientes para tais coisas serem apagadas.

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