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engraçado isso de conferirem os dias e darem um nome para essa contagem.
alguém escolheu essa arrumação dos dias e muitos outros seguiram essa determinação. bem, mas não contesto isso. não sou um contestador inveterado.
nesses dias que se passaram, os quais chamaram de 2010, aconteceram muitas coisas. poderia eu dar uma declaração mais lógica e idiota? é claro que aconteceram muitas coisas.
encontrei um abrigo em 2010. eu não estava tão mal, nem doente, nem caindo pelas tabelas. mas eu encontrei um abrigo. encontrei quem não me trouxe dúvidas. nem me deu certezas, mas não me trouxe dúvidas. além do mais, não perseguiu a minha alma, nem empurrou meu equilíbrio. dessa energia eu não quis me afastar. dessa energia quis me tornar parte. nesse abrigo, fiquei a descobrir o nome que é o nome das mais simples arquiteturas. talvez de minha boca, desconfiada de mim mesmo, nada pudesse sair que não fosse o resultado de algo que no passado me cortou alguma pele.
mas ali, guardado, fui esperando o dia de levantar a cara e seguir, como seguem os viajantes.
preciso me apequenear, eu dizia a mim mesmo. não por ser grande, mas por um dia supor que não era pequeno.
graças a deus que não acredito mais nesse deus tolo, eu dizia a mim mesmo. nem nos espíritos perdidos, nem nas almas penadas, nem em seja lá o que for que necessite dessas metafísicas tão pouco poéticas.
nem no diabo, nem nos anjos. ora o que não inventaram os homens para conseguirem dizer o que sentem!
não era esse deus que agia como um demônio atormentando a mente de quem eu amava?
não eram os anjos da bondade que tiravam o sono e enchiam de culpa alguns justos que conheci?
que pervertido é aquele que apreende algo que era da natureza e se diz o dono disso quando o demonstra aos outros. conheci muitos pervertidos assim. eu mesmo fui um destes em muitas horas. eu mesmo me senti melhor que os outros apenas por saber aprisionar as cores entre os meus garranchos.
sim, 2010 foi um amontoado bom de dias. e dentro dessa nomenclatura tola depositamos o vácuo de nossos movimentos.
2011 é ainda apenas um nome. nada vai mudar. tudo vai continuar. os bons continuarão bons e os maus se manterão sendo assim. cada qual melhorando apenas seu modo de dizer as coisas e suas maneiras de fugir da óbvia morte. talvez consigam mais conforto. mas um coisa insiste em ser a unica que está vestida em certezas: o tempo encurta para cada vivente quando ele nomeia o que passou como passado.
há quem não mudará. e o peso dessas criaturas continuará sendo o mesmo.
mas eu sei quem merece minha admiração...
e minha gratidão...
e meu amor...
se isso não basta, então nada merece.
mas é essa uma hipótese que não ocorre, pelo menos aqui, nessa casa onde moram algumas certezas e muitos projetos.
vou chamar essa casa de 2011. só pra parecer normal.
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