quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

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ontem havia somente, comigo, uma única fonte de água limpa. a solução para que a água não turvasse era me deixar envolver por ela lentamente, em doses homeopáticas.

foi uma homeopatia que me deixou curado. da noite pro dia as camisetas passaram a se colorir.

dividir assim o mundo em locus diferenciados por cada passo é como viver dormindo e acordando o tempo todo. agora eu acordo por aqui. ontem mesmo atravessei uma ponte altíssima e desci numa velocidade muito alta para os pedais. do meu lado esquerdo havia o mar. na volta, o pozidon que esteve distante por quase dois anos me acompanha, imenso... quando ele se volta para o meu lado direito, percebo que já estou voltando. O mar muda der lado, mas é sempre o mesmo mar. cogito por causa dessas sensações a idéia fantástica de no próximo ano atravessar o país sobre pedais.

não posso envelhecer sem uma aventura assim. uma celebração da vida que com certeza causaria muitas mudanças.

reitero o comentário que fiz a respeito da limpeza total de minha mente. minha mente está limpa. nenhuma espera, nenhuma necessidade urgente. o que me causa desconforto é a volta para a convivência entre ladrões. e digo como andam dizendo por aí: Belém é uma cidade que te deixa muito inseguro, com muito medo... que triste.

mas essa relação não é de todo ruim. há caprichos que levam à distrações. e há verdades muito tênues que podem ser a causa de minha insistência em viver de modo simples. mas o que seria viver de modo simples? essa pergunta me é corriqueira, como uma ordem que inconscientemente direciona os impulsos mais lógicos de minhas demandas.

preciso dizer que o que Belém precisa é de um mar. lamento que para isso não haveria governante capaz. os governantes desse lugar onde Belém mora mal conseguem governar o tremor das próprias pernas. Imagina só se poderiam ser capazes de um milagre!


mas tudo bem. é comum desejar o inalcansável. se houvesse mar em Belém, eu me queixaria por outras coisas. Ou quem sabe insistiria ainda mais no absurdo que é uma cidade com tantos ladrões, onde tu não podes nem ao menos pedalar sem compromisso num final de tarde qualquer.

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