quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

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há quem a ti precise perder baby. isso é como as ilhas que precisam perder partes de sua argila. isso é como um navio em deriva a deixar ao mar as coisas inúteis e pesadas do finado capitão.

há quem precise perder a voz. tornar-se um mudo. a mudez é algo que diz: quem mais aqui habita além de mim?

se estou só, de que me vale resmungar nas sombras?

valeria gastar meus verbos com cães que somente ladram?

me daria mais sensação de companhia se ao invés de ouvidos aos pássaros eu lhes desse frases nominativas?

há quem durma a lembrar que num ontem qualquer estivera ao lado do único semelhante de seu mundo? e a sensação da perda recomeça quando? a minutos antes do sono profundo ou a segundos depois do despertar? quando é que a indagação oscilante se revira entre as têmporas? e qual é essa questão? não seria: onde eu deveria estar agora?

e quem pensa assim não é o coelho louco que corre e corre em busca do tempo perdido?

uma busca em nada silenciosa pelo silêncio...


é assim que o dia se remonta agora.
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