segunda-feira, 13 de março de 2017

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O tempo passou, afastei-me do porto e senti a paz de não saber a resposta que julguei tão importante por um longo tempo. 

Vi minhas mão se enchendo de fios de algodão e tive a graça de entender a diferença entre movimento e vida...

entre o mero movimento e o profundo perfume da vida.

Ah, que questão pesada em mim, trazida por meu velho pai que morreu num leito, ainda movimentando o corpo em espasmos de vontade de ficar. Mas me diziam que aquilo eram apenas movimentos sem vida, insistentes. O velho homem de beira-rio já não existia naquele corpo e o pai que um dia me presenteara com elefantes de açúcar desaparecera para sempre dentro daquele corpo que insistia em manter sua fisionomia intacta.

Silencio, tão nobre amigo... arrancando de mim essas lágrimas que provém da incorfomaçao de ser enganado pelo poder do tempo. E ainda hoje, por mais que ruidoso eu me mantenha, o silencio de todas as perdas rasga esse véu, essa pele de tímpano... algo que ofusca a orquestra... algo que lança num vazio...

Perto de meus ouvidos uma voz sussurrou docemente.

"Meu coração é frágil e acredita fácil na felicidade. Mas o tempo e as dores me deram braços de ferro, capazes de proteger aquilo que me é mais precioso. Ainda assim algo escapa vez ou outra... "

O fio da vida. Algo pelo qual vale a pena gorgear...

Uma luz do porto eloquente como o sol

Algo pelo qual vale a pena gorgear...


um fio de vida.

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