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Vi homens serem assassinados diante de meus olhos. Homens esfaqueados correndo lavados de sangue. já ouvi os ruídos que projeteis fazem ao atingir um corpo humano. ouvi também o estampido de balas direcionadas a mim e os estilhaços dos tijolos do muro às minhas costas que atingiram. Já apertei por três vezes um gatilho. por três vezes escapei de atingir alguém com um tiro. Já fui espancado. Já tive que espancar pra sobreviver. Vi amigos serem golpeados e outros serem mortos. Cresci num cenário violento... absurdamente violento.
tenho cicatrizes e lembranças ruins. Pra sobreviver ali, eu precisava sobreviver lutando. O caminho da escola era cheio de surpresas e eu precisava entender que deveria haver um modo... um outro modo de viver.
Tive que aprender a lutar... e meus mestres eram homens justos e rudes. Aprendi bater forte... aprendi a me defender de todos que se aproximavam demasiado. Era o meu jeito... eu precisava bater antes. E quando aprendi a bater eu quis me tornar o melhor. Quando aprendi a golpear, entendi que aquela era a única maneira...
Na tranquilidade de minha casa, onde eu não tinha a privacidade de um quarto, eu me escondia entre as prateleiras e os livros de meu pai. Rabiscava desenhos de meu dia a dia e escrevia o que se passava no lugar onde as sensações pulsavam. Havia cicatrizes e calos em meus punhos. Havia revolta e medo.
Hoje tento cultivar uma paz em mim. Mas nasci numa guerra, sobre estivas e miséria. Tudo em mim foi forjado entre a lama e o céu. Sou oito ou oito mil. O que essa minha história me tirou? muita coisa. Perco muito por ser um sobrevivente. O que ganhei foi a vida... a pós vida...
E se eu não tivesse lutado, estaria morto como a maioria de todos os meus pares daquele tempo. Não tenho orgulho da minha infância real. Mas guardo o tesouro de uma infância que vivi nos meus momentos de solidão, nos sonhos de um olhar que mirava ao longe. Por vezes a ferocidade me aflora pelos poros... perco a paciência e digo coisas agressivas. Sei que estas pessoas de agora não são mais aquelas de meu passado, mas minha guarda está sempre alta e meus punhos do sol estão sempre prontos, pra defender em pon sao e atacar com a precisão dos selvagens.
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