Enquanto
a mulher fala de almas, eu entrego a minha ao espasmo que me tomou?
volto minha cabeça para o lado e não posso enxergá-la no escuro da platéia, as luzes contrárias me cegam, mas sei que lá ela não está a esperar que eu note sua presença e por força dos olhos apertados lhe jogue para o claro. ela espera sim que aquilo que agora está em seu redor mude, e que eu reconheça aquilo que ela reconhece. assim desse modo sua vida inteira seria a sua vida, sem carecer da minha.
volto minha cabeça para o lado e não posso enxergá-la no escuro da platéia, as luzes contrárias me cegam, mas sei que lá ela não está a esperar que eu note sua presença e por força dos olhos apertados lhe jogue para o claro. ela espera sim que aquilo que agora está em seu redor mude, e que eu reconheça aquilo que ela reconhece. assim desse modo sua vida inteira seria a sua vida, sem carecer da minha.
devo
encontrá-la no mesmo escuro onde estou. Dois perdidos a tatear os caminhos. as
retinas a permanecer dilatadas em busca de uma figura que se possa definir.
suas
mãos tocam algo. faz isso para perceber que deve permanecer assim? ou faz isso
para se certificar que de si mesma já se sente em dois mundos? uma
aflição isso, uma perda de controle.
nos desvarios da cena só me aprimoro em apertar os olhos... e buscar disfarçadamente por ela
apenas isso. imploro por um acorde.
desejo...
mas a emoção disso não habita somente o corpo. nisso o corpo é pequeno... para a alma sobra o tamanho desse universo novo.
magnífica contradição não imaginar o oposto: é a alma que possui ao corpo. É a alma que possui ao corpo...
Ela reconhece o mundo nesse modo de ver que também é meu? não encontro seus olhos pois sei estão já em mim e se manterão assim até o último dia no qual mais nada conseguirei manter sob o tecido? ou será tolice?
se me obrigarem a dar um nome a isso que me faz buscá-la, a isso darei um singelo nome, um singelo qualquer nome. mas um nome qualquer não é qualquer coisa.faço-o como modo único de trazer à luz tal coisa que desconheço de semblante. sensação risível de nem ter. subjulgo total do que é substância. O que digo? O que penso?
ela dorme na minha procura. dorme como dorme um velho vigia do cemitério. dorme tranquila que nada lhe pode acordar.
e já me cabe na idéia o nome daquilo que por ela tenho, mas ainda é o som desse nome o que me falta.
portanto, no silencio habita o que significa o que por ela tenho.
nos desvarios da cena só me aprimoro em apertar os olhos... e buscar disfarçadamente por ela
apenas isso. imploro por um acorde.
desejo...
mas a emoção disso não habita somente o corpo. nisso o corpo é pequeno... para a alma sobra o tamanho desse universo novo.
magnífica contradição não imaginar o oposto: é a alma que possui ao corpo. É a alma que possui ao corpo...
Ela reconhece o mundo nesse modo de ver que também é meu? não encontro seus olhos pois sei estão já em mim e se manterão assim até o último dia no qual mais nada conseguirei manter sob o tecido? ou será tolice?
se me obrigarem a dar um nome a isso que me faz buscá-la, a isso darei um singelo nome, um singelo qualquer nome. mas um nome qualquer não é qualquer coisa.faço-o como modo único de trazer à luz tal coisa que desconheço de semblante. sensação risível de nem ter. subjulgo total do que é substância. O que digo? O que penso?
ela dorme na minha procura. dorme como dorme um velho vigia do cemitério. dorme tranquila que nada lhe pode acordar.
e já me cabe na idéia o nome daquilo que por ela tenho, mas ainda é o som desse nome o que me falta.
portanto, no silencio habita o que significa o que por ela tenho.
que
fique o silencio com essa missão de calar a fraqueza dos verbos.
estamos todos num teatro. Um grande espetáculo acontece.
diante de nós uma mulher se enrola num tecido preto e fala de almas. penso que por muito tempo tenho tentado entender esse universo que digo divino das almas. e nisso penso que por muito tempo tenho entendido que me senti sozinho numa busca tola. e essa sensação tinha algo muito próximo de meu ânimo, como tal ânimo fosse esse sentir que não compreendo. pois diante do que me é incompreensível, sinto minha alma me surgir como se realmente fosse minha alma. como se eu fosse seu dono.
estamos todos num teatro. Um grande espetáculo acontece.
diante de nós uma mulher se enrola num tecido preto e fala de almas. penso que por muito tempo tenho tentado entender esse universo que digo divino das almas. e nisso penso que por muito tempo tenho entendido que me senti sozinho numa busca tola. e essa sensação tinha algo muito próximo de meu ânimo, como tal ânimo fosse esse sentir que não compreendo. pois diante do que me é incompreensível, sinto minha alma me surgir como se realmente fosse minha alma. como se eu fosse seu dono.
a
tranquilidade da voz da mulher sobre o palco me revela coisas que eu nunca
pensei que acreditasse. e assim fecho os olhos como a saber sem precisar ouvir.
ter o entendimento claro sem precisar ouvir. ter o entendimento claro sem
precisar ver. ter entendimento claro sem precisar sentir na pele. ter o
entendimento claro sem precisar entender. ter o entendimento claro sem dele
precisar.
respirar
apenas.
e assim nem me dou conta, está nua por debaixo do tecido. assim como estamos nus todos nós. a mulher das almas está nua.
seu falar é compassado, é a voz de um rabi que se aproxima dos ouvidos do tolo e diz verdades de um olho só, que parecem ter sido em tempo longo apenas suspeitas de antigos eremitas.
e eu sei que ela está a assistir e ouvir também a mulher nua do lençol e das almas, e que nos seus pensamentos parte de minha presença se movimenta como o corpo nu da atriz. seu olhar malmente me busca por dentro da mente, ela não se move. não move o olhar. deve se deliciar com a viagem que faz naquilo que suspeita ser o que sinto ao estar também ali. ou será que esses labirintos imaginários são meus, somente meus? percebo isso com um contentamento retraído, como se ainda soubesse que apesar de me movimentar dentro daquele corpo, ainda assim, essa movimentação não lhe seria capaz de libertar como eu sei que poderia.
muito devo ao olhar que me criou
pedras soltas.o olhar.tomou-me como primeira expectativa e nela manteve-se vivo.assim ressuscita o que de melhor no bosque floresceu.
das cartas de papel o jogador noturno e solitário fazia um simples castelo
levou a mera distração como missão maior. assim se seguiu o tempo...
com o que sentiu construiu um lugar cômodo
silencioso.
espécie esquisita de refugio sem fuga
exílio distante que não causa afastamento corpóreo
e assim nem me dou conta, está nua por debaixo do tecido. assim como estamos nus todos nós. a mulher das almas está nua.
seu falar é compassado, é a voz de um rabi que se aproxima dos ouvidos do tolo e diz verdades de um olho só, que parecem ter sido em tempo longo apenas suspeitas de antigos eremitas.
e eu sei que ela está a assistir e ouvir também a mulher nua do lençol e das almas, e que nos seus pensamentos parte de minha presença se movimenta como o corpo nu da atriz. seu olhar malmente me busca por dentro da mente, ela não se move. não move o olhar. deve se deliciar com a viagem que faz naquilo que suspeita ser o que sinto ao estar também ali. ou será que esses labirintos imaginários são meus, somente meus? percebo isso com um contentamento retraído, como se ainda soubesse que apesar de me movimentar dentro daquele corpo, ainda assim, essa movimentação não lhe seria capaz de libertar como eu sei que poderia.
muito devo ao olhar que me criou
pedras soltas.o olhar.tomou-me como primeira expectativa e nela manteve-se vivo.assim ressuscita o que de melhor no bosque floresceu.
das cartas de papel o jogador noturno e solitário fazia um simples castelo
levou a mera distração como missão maior. assim se seguiu o tempo...
com o que sentiu construiu um lugar cômodo
silencioso.
espécie esquisita de refugio sem fuga
exílio distante que não causa afastamento corpóreo
espécie
branda de corpo e alma...
corpo
escondido em tecidos
e
alma nua.
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