quarta-feira, 20 de agosto de 2014

Insônia 9

De folhear e folhear em meus escritos, a menina recitou a meus ouvidos as palavras que escrevi há muito tempo:

Por tanto tenho cismado que a verdade e o tempo se sustentam embriagados

quando o teclado preto me ilumina os tipos, na insônia
fico certo que nasci pra perder o sono
que acordo pra lembrar dos sonhos

melhor morrer que esquecer quem fomos


controlo na cabeça o remoto temor da tua feiura
esqueço o tropeço que arrancou-me a unha no caminho de seixo
resmungo e me queixo que não sou qualquer coisa
pra que se guardem meus passos em caixas de brinco
pra que ressecado o beijo refloresça e me vingue


No som da sala de cinema tocava uma música pop. Foi como me ver idiotizado numa vitrine ou assombrado por inspirações passadas.

De qualquer modo pude sentir na respiração da declamante um pedaço do respirar profundo que me fez outrora sucumbir em sentimentalidades.

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