"Os fios descem e encontram uma cabeça vacilante. No centro, o fio da alma é o mais espesso, pesado, como se transportasse sangue. Ele desce reto, longilíneo, de um céu distante dos olhos..."
Tenho sido o cara que diminui de tamanho, sem carecer beber líquido mágico nenhum. Mas talvez exista sim essa mágica.
Se o pequeno teatro tivesse uma voz, ela me indagaria se quero ser um deus. Eu respondo que sim a cada instante em que um talho muda a forma das mãos e do rosto dos bonecos...
Instante felizes, muito pouco entre os dedos...
Estivemos certos a pensar que seria tola essa dificuldade inventada que tantos dizem ser o maior adversário das criações. Criar carece de um pacto pacífico. Carece de uma ausência de culpa ou de vontade de se culpar.
Losunila me indagou o que eu estava pensando.
Busquei na cabeça um modo de diminuir o tamanho do que eu pensava. Então disse que pensava na tristeza das pessoas que fazem o pouco, aquele pouco que é pouco demais, bem menor que aquele mínimo que podem fazer e, por sabe-se lá por qual vício da alma, desenham desculpas imensas para justificar o seu pouco e, as desculpas pretendem tornar o pouco um muito. A sinceridade poderia ser a única coisa que transmutaria os tamanhos de nossas atitudes. Com ela o muito se cairia em pouco e o pouco continuaria sendo pouco... pra quem nunca se conforma. Os inconformados, Losunila, são seres estranhos... e é bom se afastar deles o máximo.
Ela riu.
Losunila riu disso.
E o senhor é um inconformado?
Eu? Um inconformado? Não... quem me dera.
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