quinta-feira, 11 de abril de 2013

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Ninguém morreu, estão todos vivos?

A lição é não rugir para quem dorme. O passo errado encontra o erro no caminhante. "Eu deveria ter mudado o rumo".

Ele não podia dormir naquela noite. Estivera perto demais de um corpo nu que não era o seu. Perto demais de estar dentro.

Sentiu-se excitado e na excitação pôde ter perdido muito de sua racionalidade. Perdendo a racionalidade perdia a candura de seus pensamentos; perdia sua vigília; afastava-se da criatura planejada que era.

Ela disse não e ele recuou, ruborizado,como um menino branco flagrado a cometer desaforos. 

Um buraco na vida se formaria se aquela noite  não fosse uma noite de duas criaturas.

no caminho de volta a tempestade de sensações aplacaria uma culpa. Não deveríamos habitar estes corpos. Deveríamos não precisar dessa embalagem. "Ora porra, somos mesmo uma merda de garrafa PET".

"Uma merda de uma garrafa PET!".

jogue-se líquida um pouco dentro de mim. Preencha-me um pouco até que eu vire lixo. Não rugir para quem dorme. essas frtases sem sentido ficavam pulsando no seu juízo.

Então ele abriu uma lata de coca. Ficou ali com a mão na cintura olhando para a cidade através da janela. Um pecado grave sempre é lembrado com uma expressão rotineira: Eu não deveria.

Então o telefone toca. Ela. A mesma voz insegura. "Tudo bem?" Ele indaga um pouco nervoso. "Sim", ela emite um som de quem está rindo. "Estou deitada já. Nossa noite foi estranha hoje, mas gostei". 

"Gostou?"

"A gente vai se ver amanhã?"

A mesma excitação percorre seu corpo. O mesmo ímpeto irracional de outrora.


a lata de coca está aberta sobre o parapeito. Latas de coca não são como garrafas PET.
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