quarta-feira, 27 de julho de 2011

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2-pouco de meu direito de ir me importa agora.

um castanheiro que de tão alto se entorta, está com as ramas pesadas. porém a mansidão de seus frutos os mantém sem queda. uma casa sob ele me parece bastante destruída. tanto e a tal ponto que mal se identifica que um dia foi morada. quem sabe se mesmo o foi, quando então era jovem aquela árvore, quando ela era uma criança inofensiva e sem frutos. mantida daquele jeito crescendo a cada hora por culpa da preguiça de algum mandrião.

à sombra as ruínas não tinham dor alguma. se aqui neste delírio me surgisse alguma criança seria para mim o fim das certezas de estar num lugar que não é um sonho. da casa restaram pedras. quem seria o louco que construiria aqui uma casa. quem não destruiria o grande castanheiro antes que seus ouriços de belos frutos se transformassem em fúria nas mãos de um deus vingativo?

nenhum plano de me deter a catar a história ali enterrada. o que acontecera. qum era. qual o nome. a cor do sangue. se vim do delírio de uma também cidade destruída em fogo, então nada de assustar tocaria minha pele. então quem foi? qualo nome? quantos anos?

ainda assim farta de tão agitada sinto-me num sono que não cessa.

e a sombra da árvore gigante, mesmo que seja um risco repousar nela por causa dos ouriço em potência de queda, é o lugar mais calmo que entendo.

calmo.


tão cal...





o garçom coloca sobre a mesa alguns copos e uma garrafa. eu escrevo letras invisíveis sobre a toalha. seu olhar possui uma cisma. é como quem está muito longe do aonde quer voltar. e por algum motivo ter fuga é o único rumo mais tranquilo.

então escrevo letras de nada na toalha.

devo estar no sonho daquele sono sem controle á sombra dos castanhos ouriços.



ele... cria o universo no qual me cativa. ele captura meus gestos e os letrifica. não estou aqui nesta mesma dimensão.

"dizem qualquer coisa a mim?" ouço.

"o que?". busco a voz em meio ao vozerio de homens bêbados e outras mulheres que além de mim parecem entediadas.

"fala-se com os rostos na bruma". que coisa de tanta necessidade da noite.


e se eu me mostrar com todas as metades, na certa me terá como a mais fácil caminhada no parque. como então ser em tudo tudo aquilo que nem tenho? suas mãos são de alguém que nunca sentiu a textura de um diamante.uma delas me alcança. as sobras da mansidão canalha do café imaginário estão salvas do tempo em recortes de revistas pregados à parede, mostrando gente dos outros anteontes, que sorri por se dizer contente. uma das mãos me alcança os lábios. a outra me toca como se tocasse um chão de pó.

desperto.

é a última imagem que fica em minhas pálpebras depois que abro os olhos: um outro olhar para mim. para os meus olhos.

aqui..


o vento parece que anda em redor de onde quero ficar sem ele. isso é engraçado. estou enlouquecendo na mesma medida em que me salvo.


meu criador está por ali num qualquer lugar que não me levanta a vista. é o mesmo ao mesmo tempo em que não é. estava ali e mesmo estando aqui não entendo sua estada.

sem levantar a testa, fala baixinho ao chão mesmo que pra mim a indagação que eu sabia, encheria minha alma de uma cegueira que todos as criaturas possuem.

eu ouço a voz.


eu gosto da voz.
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