Acordei no sofá com dores pelo corpo, ouvi o chuveiro do atelier. Depois de alguns passos e pude ver uma mulher nua esfregando as pernas. Fiquei a olhá-la sem grande excitação; não sem nenhuma. Mas os impulsos do corpo, proporcionados por aquela mulher no banho não eram suficientes para me fazer cair numa aventura instintiva matinal.
A menina entrou e colocou sobre a mesa uns sacos de papel. Dos seus fones de ouvido eu podia quase definir qual música ouvia. Olhou para Drina tomando banho e sorriu. olhou em seguida pra mim e torceu os lábios.
Meti a mão num dos sacos que ela trouxe e saí dele com uma maçã. Foi o que comecei a comer quando Drina saiu do chuveiro se enxugando. A criatura nua, de corpo roliço e branco atravessou o salão do atelier até a mesa, pegou outra maçã me fazendo uma reverência e sumiu pelo corredor.
Pouco tempo depois ouvi o motor de partida de seu carro e em seguida o ronco de seu velho escapamento. Duas breves buzinadas me deram o sinal de que Drina tinha se mandado.
A menina vestiu um uniforme escolar com um pouco mais de cerimônia. Antes de sair me beijou na testa. Fiquei a mirar a grande pintura, a me despedir como um tolo apegado, no início daquele dia, que parecia começar incomum, mas que na verdade poderia me abrir um novo ciclo, até então de nome desconhecido.
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