sexta-feira, 24 de maio de 2013

Bravata à madrugada

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Adormeça  dragão com sua língua cantante
os sussurros das sombras à espera do dia

nas luzes antes da aurora 
a vaidade é mais permissiva
as floradas têm hora marcada
os gorjeios 
os silvos  
voos em revoada

adormeça  fogo das fogueiras do antes!
insistam em queimar, brasas vacilantes!

no corpo que desperta, sonolência
nas frases incompletas, temperança
desejo fingido
verdades traquinas
confissões amordaçadas

adormeça calor das cidades do leste
os ventos da manhã varrem suas varandas

sobra a saliva e o gosto antigo
o desejo confesso, o ombro inimigo
o desencaixe das peças
a conformidade da ausência
a paixão incompleta

a paixão incompleta
o vilarejo deserto
flores sedentas
horizonte distante

no horizonte distante
o dragão por fim se oculta
nas brasas  do mais novo cio

peito ardendo e corpo morrendo

desejo, busca, sono e vazio



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