sábado, 11 de maio de 2013

.
.
.
.
.
Como numa dessas películas baratas,que contam estorinhas infantis, o meu sonho me mostrou um mistério: a casa da réstia era bem maior por dentro que por fora. Revelar um mistério é quase o mesmo que fazer um cego enxergar mas manter o feliz coitado com uma venda impossível de desamarrar lhe cobrindo os olhos.

Só o que importa é a réstia.

Nada mais é necessário além da réstia, a superfície sobre a qual ela rasteja, e o corpo do menino, que recebe em suas formas a reflexão furtiva da luz. Ah a luz, imprescindível para essa cena. Pensei em tantas formas de expressar a luz, que acabei por entender que a luz, num espetáculo, a luz de verdade, materializada enfim... é inexplicável, um arranjo cósmico para abrir os portões do sensorial, principalmente da visão presente, daquele que assiste a cena dentro do ambiente,  que recebe diretamente nas retinas a luz gerada ali, ao vivo, por alguma mente brilhante, que consegue não se deixar perceber.

Imperceptível numa cena bem feita, afinal a luz da cena extraída, por imitar a natureza em sua cena primordial e única, carece de ser sutil e silenciosa.

Então é aí que um outro elemento cósmico surge, como se vindo do nada, organizando-se desde o caos. não é de repente que a voz da luz, a alma da luz se mostra através dos sons. na verdade não é possível dizer o quê carece de quê. Todas as potências da cena são ancestrais, vindas diretamente da criação, únicas em si mesmas e ao mesmo tempo únicas em conjunto e harmonia.

Tenho sonhado sim, verdade. pra quem é carente de explicações pra tudo, devo dizer que sonhar de verdade é uma frase que diz algo perfeitamente possível a mim. estou construindo esse sonho aos poucos. o primeiro passo é a construção do lugar onde o sonho acontece. Pra isso tive que demolir paredes de minha casa e levantar outras. Por precisar de um escuro total, comecei a isolar a luz do dia. Luz do dia? Ora, não existe luz do dia, o que há é luz no dia. Isolar tal luz? tarefa impossível pros meus bolsos, a luz no dia insiste em atravessar as paredes. pensei em filmar de noite, mas então veio-me a maior das tentações e talvez a tentação mais apaixonante: a utilização da luz do sol como luz de um espetáculo. imaginem só, anos luz para chegar até aqui e fazer parte da cena, deixar-se modelar pelo autor. ah o sol, pai da réstia, tão imenso e tão simples.
.
.
.
.
.




Nenhum comentário:

Postar um comentário