sexta-feira, 24 de maio de 2013

www.rainymood.com

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E lá estava eu parado na noite diante da loja de pneus recapados
como quem namora os movimentos de uma rainy mood page

nem velho caubói, nem homem durão de meia idade

os movimentos estudados, as palavras ruminadas
por doze anos de relutância ao gole
como na idade e tortura de um bom malt

se eu desse dez passos, cairia sedento

e a moça do balcão de frios sentiria um calafrio de medo
e o velho da caixa registradora enfiaria o indicador no gatilho


E lá estava eu no frio de uma madrugada de setembro

relaxando diante dos movimentos dessa rainy mood page

"não esqueci das promessas, meine Sansa. Só vim comprar  Marlboro...

olhar as luzes da estrada como quem olha uma saída para o boulevard"

não me espere para o jantar, garota. não faça o meu prato predileto

talvez a noite seja pra mim  a mais longa das noites
penso nisso quando vejo o sol se pondo, dourando a campina

E lá estavam as indagações impressas num bloco de papel velho

uma desculpa esfarrapada diante de minha bela rainy mood page

O estampido poderia assustar os pardais mais astutos

o grito da menina do balcão acenderia por fim a noite

não me espere pro jantar, moça

há algo noir entre meu corpo e a loja de pneus recapados


é por isso que a estrada virou abrigo do bom companheiro del rey

caindo aos pedaços ele resiste ao tempo que rasteja lento
as rodas murchas, enterradas na lama seca
palavras de amor sulcadas na lataria empoeirada

E lá estavam os sete segundos esperando por meu suspiro

na última linha escrita de minha rainy mood page

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