domingo, 27 de novembro de 2016

DE VEZ EM QUANDO CORTO-ME NA CARNE

.
.
Fico a olhar pros teus pés e esqueço-me que um dia a lâmina escapou-me... e me feriu. Toco nos seus pés...

Posso beijá-los? Posso só ficar olhando pra eles? Posso sem anomalia alguma ficar perdido em pensamentos olhando para eles?

Por onde  andaste, menina? Suas andanças são tão imaginárias, que imaginá-las é como sonhar dentro de um sonho, como subir numa escada de papelão.

Não eras nada além de uma beleza que habitava o interior de um outro corpo. Dediquei minha vida  a te tirar de lá. E agora dizes com esse olhar doce que não sou muito. mas é justo... não me vistes te esculpindo antes que teus fios te achassem, e essa minha ação veio de um dom e dons não sou responsabilidade do domado.

Ah menina, não posso te mostrar as cicatrizes das lâminas que me penetraram na palma da mão esquerda enquanto eu te libertava.

E agora que estás aí, ficam as maravalhas...  e tudo o que sei de ti é o que em ti crio e manipulo.

Sinto um amor estranho. Sabe-se lá o que sinto.

Sinto me arderem os olhos

É por tua causa que transformo minha carne na carne de cedros...


Estou soterrado por tudo o que criei de ti. meu mar e minha ilha. Minha vontade de ir embora.

Minha pequena Marília, que nasceu com amor nos olhos.
.
.
.

Nenhum comentário:

Postar um comentário