segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

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No bilhete havia um endereço e umas letras escritas de um semianalfabeto:

“O velho pede  encostado na parede da igreja nova”.

Bem lembro ter escrito no capítulo anterior que os olhos do menino João N estavam vermelhos. Porém, antes que se construam decifrações desnecessárias, é preciso dizer que tal sintoma não se deu pela notícia dita pela mãe.  João N era menino demais; porém, já se guardava dentro dele um coração rude, talhado para sobreviver nas ruas sem essa piedade costumeira nuns quantos. Seus olhos vermelhos estavam assim por conta do vento anterior à chuva, que soprou no areal do largo redondo espalhando por ali poeira e o cheiro dos jasmineiros remexidos. Ele tinha poucas lembranças do pai. Então não enxovalhemos esta narrativa com sentimentalismos extravagantes demais.

Minhas costas voltaram a doer. Pelo menos por esta noite não ouço as gemedeiras dos outros, está tranquilo aqui, com o cheiro do éter se dissipando em mim...


É incrível que eu possa até sentir o perfume dos jasmins do largo...

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