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breve momento que deposito aos pés da saudade.
vivo ao seu redor, eu diria aos seus ouvidos, em silêncio, pra que não me devore
vento em paralisia nas funções corticais superiores é isso, como...
transtornos de demência múltipla enquanto se folheia O Mouro de Rushdie
minha senilidade tem cara de segredos guardados em muitos trinta anos
mas como? nem netos, nem ossos partidos, apenas heresia e movimento lento.
sou tão velho quanto o bebê da menina Denise.
eu trocaria minha imbecil cultuosidade pela sabedoria simples de um cortador de aningas
ou pelo rude bom humor de um catador de ouriços, mas tudo isso por um dia, por não saber viver sem o que fiz de mim.
venderia meus setenta e cinco mil livros por uma ninharia qualquer. ou os trocaria por gibis sem pé nem cabeça.
se perguntassem meu nome eu diria que a memória me é coisa falha de tão lúcida
me chame do modo como eu possa me entender sendo chamado, de menino, talvez, ou mesmo essezinho, pequeno também.
deposito nos pés da saudade esta noite na qual não paro de não querer desistir de tentar
mas de tentar que tipo de coisa?
sabe-se lá!
saudade é muito isso de uma inércia na distância.
saudade é para os fracos, diria o herói Ulisses
saudade possui olhos de elegia
olhos nublados e bonitos, de mentirinha.
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